Grupos se mobilizam contra ampliação de pistas em Congonhas
SÃO PAULO - Em audiência pública realizada na noite da última segunda-feira, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para debater a possível ampliação das pistas do aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital, os participantes levantaram a possibilidade de mover ações indenizatórias em massa contra o ministro da Defesa, Nelson Jobim, por conta dos impactos da poluição provocada na saúde dos moradores das proximidades. Eles ressaltaram a necessidade de se mobilizar e de chamar a atenção do poder público para a questão.
A frente apresentou uma série de propostas alternativas, como a criação de um aeroporto em cidades do interior de São Paulo, já que "sairia mais barato do que desapropriar 2.000 pessoas", segundo afirmou Angela Maria, moradora do bairro de Moema.
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSol) organizou o debate e encabeça o movimento contra o projeto de ampliação do Aeroporto de Congonhas. Associações de moradores e de bairros próximos ao aeroporto e associações de parentes de vítimas de voos atuam para evitar a ampliação de quase 1.000 metros de pista e a consequente desapropriação de quase 2.000 moradias. "Eu acho que essa proposta de expansão é um verdadeiro atentado contra a população, contra a cidadania, porque isso vai acirrar ainda mais essa preocupação da segurança", disse o deputado Carlos Giannazi, que mora perto do aeroporto, na Vila Santa Catarina.
O projeto foi apresentado no ano de 2007, em um estudo sobre impacto ambiental feito pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Segundo a empresa, a expansão das pistas traria mais segurança aos voos. No final do ano passado, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), e o ministro da Defesa se reuniram e mostraram-se favoráveis ao projeto, o que desencadeou uma maior movimentação da população eventualmente afetada.
Esta foi a segunda audiência pública a debater o tema. A primeira, no início deste ano, chegou a reunir 400 pessoas. As principais reclamações do projeto foram quanto à desapropriação dos moradores e ao aumento do tráfego de aviões que aumentaria a poluição do ar e a sonora, na região.
O presidente da Associação de Moradores do Entorno do Aeroporto, René Pimentel, afirmou que o projeto é um equívoco porque o Aeroporto de Congonhas está "obsoleto", e, assim sendo, o investimento não traria retorno à população.
"Não é só por causa da desapropriação que estamos nos mobilizando. Se realmente isso fosse ser uma coisa fantástica e essencial para o País, por que eu não seria a favor? O problema é que o aeroporto já é considerado obsoleto", argumentou.
Fonte: Panorama Brasil
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