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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Um ano depois, padre baloeiro vira tabu para pastoral pela qual morreu

Quando o padre Adelir de Carli pegou seus balões coloridos e alçou voo sem rumo, a Pastoral Rodoviária, entidade que auxilia caminhoneiros divulgada por ele na folclórica empreitada, ficou em evidência global. Mas junto da fama veio o ridículo: apelidos como São Balão e prêmios pela morte mais estúpida de 2008 brotaram.

A notoriedade em nada ajudou o grupo, que foi forçado até a fechar as portas após as doações minguarem. Mas nesta sexta-feira (3), um ano depois de o corpo do religioso ser encontrado no mar, os viajantes voltavam a ter ajuda da entidade - embora o homem da infame aventura, morto pela causa, já tenha sido abandonado por eles.

Padre Adelir alça voo em Paranaguá, em abril de 2008

  • Divulgação
Além de desaparecer em nome da pastoral, que hoje trabalha com três caminhões-capela nas rodovias do país, o padre também desapareceu do site da Pastoral Rodoviária.
Antes de ele morrer, o endereço contava com a seção "Voar Social", destinada ao evento que buscava atrair a mídia e divulgar o grupo, sem deixar de prestar assistência espiritual e social aos caminhoneiros. Não sobraram nem fotos.

Na apresentação da história da Pastoral Rodoviária, tampouco há citação a Adelir - fala-se apenas que a entidade ligada à Congregação da Missão Província do Sul, de Curitiba, atua nas estradas do Brasil desde 1976 e, tal como é no país, tem perfil "único no mundo".

Em todo o site, a solitária citação ao religioso encontrada pela reportagem do UOL Notícias é a reprodução de um texto do jornal "Gazeta do Povo", citando o acidente com o "padre voador" cujo corpo reapareceu há um ano, no mar de Maricá, litoral fluminense.

O padre baloeiro tampouco aparece nos comentários dos seus sucessores. Perguntado pela terceira vez sobre se a fama de Adelir ajudou a promover a entidade, o padre Miguel Staron, um dos novos coordenadores, limitou-se a dizer: "O pessoal tem contribuído sim, está tudo normal. O importante é continuar o trabalho nas rodovias, alertando aos motoristas sobre os riscos da bebida e das drogas. Falar de Deus, que é o mais importante".


Os padres Marian Litewka e Germano Nalepa não foram encontrados para fazer comentários. Segundo um assessor da pastoral, não o fizeram provavelmente por estarem rodando demais pelas estradas.

Injustiçado?
Em Paranaguá, cidade onde Adelir trabalhava, os fiéis sentem falta do padre que antes do voo rumo a Dourados, no Mato Grosso do Sul, tinha ganhado notoriedade em 2006, ao denunciar policiais que agrediam moradores de rua. Mas um dos frequentadores da paróquia onde o religioso trabalhava afirmou sob condição de não ter o nome revelado que houve falta de sensibilidade entre os próprios fiéis por conta da forma como o padre morreu.

BUSCAS POR ADELIR APÓS VOO FATAL CUSTARAM CERCA DE R$ 500 MIL


"Claro, a maioria reconhece tudo que ele fez e sente saudade. Mas tem gente que ficou com vergonha, porque apareceu muita piada por causa dos balões. Acho que ele foi um pouco injustiçado, porque fez um trabalho bonito e importante ao longo da vida inteira. Ele merecia ser lembrado por isso. Nós rezamos por ele muitas vezes, mas acho que mesmo entre quem rezou faltou mostrar melhor a dor que nós sentimos com a perda dele", afirmou.

Depois do malfadado voo, a Pastoral Rodoviária sofreu com falta de recursos e com um assalto na última Páscoa. Adelir, disseram fiéis na época, era o principal responsável pelas finanças e pela promoção da entidade. O motivo central da empreitada que causou sua morte era trazer verbas para a construção de 100 quartos para caminhoneiros em Paranaguá, onde funciona um dos portos mais importantes do país. Agora, depois das dificuldades dos últimos meses, as instalações estão sendo erguidas.

Adelir afirmava ter experiência com montanhismo, mergulho, paraquedismo e parapente. No início de 2008, ele tinha conseguido viajar com 500 balões de Ampére, no sudoeste do Paraná, a San Antonio, na Argentina - uma distância de 110 km, ficando 4h15min no ar.

Na viagem de 20 de abril, o padre pretendia bater o recorde de tempo na modalidade balão de festa, permanecendo alçado por 20 horas, com 1.000 balões. O tempo chuvoso e os ventos acabaram levando o padre a mais de 50 km do litoral catarinense.
UOL

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