JB / Jorge Lourenço -  Crise da Webjet expõe falta de mão de obra no setor, que deve ter mais  problemas até os Jogos Olímpicos. A crise que levou a Webjet, quarta  maior companhia de aviação do Brasil, a cancelar mais da metade dos seus  voos desde sábado vai muito além da falta de planejamento. Com o  crescimento da classe C, a rápida expansão do setor aéreo e o alto custo  de formação de tripulações, as empresas de aviação sofrem com a falta  de profissionais especializados no mercado. 
Segundo  estudo do Conselho Consultivo de Ciências Aeronáuticas (CCCA), a média  de pilotos licenciados para voar é de 373 profissionais por ano. O  número é suficiente para atender a 62 novas aeronaves, número bem  próximo da média de crescimento da aviação regular, que é de 60 aviões  por ano, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além  de operarem no limite, as empresas aéreas tentam se adequar à maior  demanda da população, cuja renda acompanha o crescimento econômico do  país. Este ano, a procura por transporte aéreo doméstico aumentou 34% e a  internacional 28,53%, em média. 
O  que está acontecendo hoje na Webjet é algo pequeno comparado com o que  está por vir com os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo criticou o diretor  do Centro Educacional de Aviação do Brasil, Salmeron Cardoso. Gosto  muito da Webjet, é uma excelente companhia. O problema realmente é a  falta de profissionais no mercado. A questão é tão nítida para as  empresas aéreas que tramita no Congresso Nacional, inclusive, um Projeto  de Lei (6.716/2009), que permitirá a contratação de pilotos  estrangeiros pelas empresas brasileiras. A ideia do autor da emenda,  deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), é justamente impedir um  apagão aéreo em 2014 e em 2016. Os pilotos, entretanto, não gostam da  ideia. 
O  que me preocupa é o governo aproveitar o gancho de crises como essas  para permitir que pilotos estrangeiros atuem no país. O Brasil não é o  país que melhor paga e pode atrair pilotos com formação limitada apontou  o coordenador da Escola Superior de Aviação Civil, comandante José  Roberto. Isso comprometeria a formação dos próprios brasileiros. O que  deveria ser feito é buscar incentivo para as escolas e resgatar os  aeroclubes. Outro impasse é o preço do curso de formação de pilotos no  Brasil. Em média, o valor de todo o curso fica entre R$ 150 mil e R$ 200  mil..........
N.E:  O texto acima apenas confirma o que já disse aqui neste espaço a um bom  tempo atrás... As companhias aéreas do Golfo Pérsico e Sudoeste da Ásia  vieram captar pilotos e tripulantes no Brasil, a cerca de 10 anos, e  nada se fez para impedir a saída destes profissionais altamente  qualificados, deixando uma lacuna enorme em nosso mercado, que hoje  cresce exponencialmente sem oferecer condições de sustentar este  crescimento. Tratamos mal nossos pilotos, deixamo-os a própria sorte em  casos escabrosos como o escândalo dos Fundos de Pensões e de  Aposentadorias como o "Aerus", da antiga VARIG. 
Não  tratamos bem nossos pilotos no passado, e agora precisamos  desesperadamente deles, além de comissários, mecânicos e demais  aeronautas.
Um  país no mínimo burro e sem política pública definida para o setor  aéreo, esta é a realidade do setor, que cresce por conta das empresas e  do público, e não por causa de investimentos ou incentivos do governo  federal. Incrível, mas num mercado que movimenta bilhôes de dólares, o  governo parece ser a faceta mais amadora de algo que deve ser  extremamente profissional e técnico.
Roberto Caiafa, Jornalista AerospaceBrasil
 
 
 
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