(Photo credit: Wikipedia) |
Relato
do advogado e ex-deputado Ney Lopes, que tinha uma filha e uma neta
neste voo da Avianca que decolou ontem em Natal e se destinava a
Brasília:
O drama dos passageiros, no voo Natal/Brasília da Avianca, ontem, 4
Por mais que o governo anuncie medidas de proteção ao usuário de companhia aérea há muito que fazer, ainda.
Ontem,
4, um avião da “Avianca” decolou por volta de 15.30 horas de Natal
para Brasília. Voo direto. Previsão de chegada ao DF às 18.30 hs.
Como chovia torrencialmente em Brasília, o avião sobrevoou a cidade mais de uma hora.
Em seguida colocou os passageiros em pânico, ao avisar que o combustível disponível somente daria para chegar em Anápolis.
Não havia combustível para Goiana, que fica, mais ou menos na mesma distância.
Trocando em miúdos: se não fosse possível aterrissar em Anápolis, o avião cairia, por falta de combustível!!!!
Finalmente, o avião aterrissou na base militar de Anápolis, da FAB.
Ao
desligar os motores, os passageiros foram avisados de que não poderiam
descer. A base aérea não dispunha de escadas para aviões maiores, como
o Air Bus da Avianca.
Todos os passageiros ficaram a bordo, com risco de asfixia. Pânico geral. Crianças queriam beber água e começou a faltar.
Circula
a notícia de que na Base Militar de Anápolis não seria possível
abastecer o avião, por inexistir posto de venda e a FAB não forneceria o
combustível, em razão de ter sido adquirido para uso próprio, através
de licitação.
O que fazer?
22 horas e nada se resolvia.
Os passageiros que saíram de Natal estavam a bordo e fechados, a mais de 7 horas.
Finalmente, após verdadeira via crucis, o aviso de que fora autorizado o abastecimento do avião, que seguiu para Brasília, lá chegando depois de 23 horas.
Post
scriptum- Perguntas que ficam no ar, aguardando uma “aterrissagem”
lógica, que explique os abusos como os de ontem, 4, no voo
Natal/Brasília, da Avianca.
Por que o comandante da Avianca, sabendo que o combustível era escasso, passou tanto tempo sobrevoando Brasília?
Por
que a ANAC e o Ministério da Defesa permitem que uma aeronave, cheia
de passageiros, com autonomia de até 8 horas de voo, decole com o
tanque sem disponibilidade de combustível para enfrentar uma situação
como essa de ontem, a caminho de Brasília?
Será por economia das empresas aéreas, que gastam menos combustível, se o avião voar mais leve?
Caso
verdadeiro esse argumento, haverá cumplicidade neste abuso dos órgãos
do Ministério da Defesa. Não poderiam permitir tal situação. Qualquer
dano ocasionado aos passageiros, esses órgãos teriam que responder
civil e criminalmente, pela omissão.
No
artigo 21, XII da Constituição, letra “c” está claro que compete a
União – e não a Avianca ou empresas privadas – explorar, direta ou
indiretamente, a navegação aérea e a infraestrutura aeroportuária.
O
Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), aprovado pela Lei nº 7.565, de
1986, complementado pela Lei nº 11.182, de 2005, repete a
responsabilidade da União, através do Ministério da defesa.
Diante
de regra legal claríssima, como se explica que o Ministério da Defesa
permita que, uma Base Militar como a de Anápolis, a menos de cem
quilômetros do Distrito Federal, não disponha de uma escada de
desembarque e de fornecimento emergencial de combustível, para casos de
urgência com um avião comercial, ou militar?
Se
o avião presidencial decolar de Brasília e for levado a um pouso
forçado em Anápolis, o Presidente da República ficará confinado, por
falta de escada de desembarque?
Um verdadeiro absurdo.
Inexplicável.
Espera-se
que o “drama” da Avianca, nesta quinta, 4, sirva de alerta para
providências urgentes e imediatas do Ministério da Defesa.
Pelo
menos, dotar a Base de Anápolis e outras similares, de escadas de
desembarque para aviões maiores e autorização de abastecimento de
combustível, em urgências.
E
também exigir que as companhias aéreas, permissionárias da aviação
civil, abasteçam os tanques das aeronaves, com combustível suficiente
para enfrentar mais horas voando, em casos emergenciais.
É o mínimo que se pode pedir.
fonte/http://www.thaisagalvao.com.br/2013/04/05/piloto-da-avianca-avisa-aos-passageiros-que-o-combustivel-vai-acabar/
IFR ONLINE
Um comentário:
Alternar Anápolis em vez de Goiânia pode ocorrer não necessariamente por causa do peso do combustível, mas também como pelas condições atmosféricas nas duas pistas (teto, vento, fechamento etc). Entre alternar para uma pista "limpa" ou correr o risco de alternar para uma "meio-limpa" sem chance de retornar à anterior, o piloto pode ter escolhido a mais segura. Um piloto me contou certa vez que ficou 6 horas fechado na cabine em Santa Cruz (RJ) pelos mesmos motivos apontados, com a diferença de que ele fez isso antes da publicação da Lei Federal 8666/93 e, portanto, conseguiu reabastecer. Digamos que a última vez que o piloto da Avianca precisou alternar para uma base aérea tenha sido antes da publicação do Lei e que teria certeza de que o avião seria abastecido. De qualquer jeito, a falta de combustível é apenas um componente e a Avianca Brasil, pelo motivo de estar tentando integrar o Star Alliance, não deve propositalmente voar perto do limite de autonomia.
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