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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Museu do Ar - Sintra. Os altos voos da aviação portuguesa



  

As máquinas e os momentos mais marcantes da aeronáutica nacional são revelados neste museu onde repousam aviões e outros objetos que fizeram história nos céus de todo o mundo. Das primeiras tentativas de voar aos nossos dias, passando pelos pioneiros lusos e primórdios da TAP, o espaço leva-nos às nuvens num abrir e fechar de olhos. Senhores leitores, dentro de momentos iremos aterrar no Museu do Ar.
  
Foi em 1909, ano do primeiro voo em Portugal, que nasceu o sonho de construir um museu dedicado à aviação portuguesa. A ideia foi lançada por um grupo de pioneiros liderado por Gago Coutinho mas só em 1969 foi oficialmente inaugurado o Museu do Ar, em Alverca do Ribatejo. Por lá se manteve durante quatro décadas, até ser transferido em 2009 para a Base Aérea nº 1, em Pêro Pinheiro, Sintra.

Uma parte do espólio continuou em Alverca e outra está exposta no Polo de Ovar (ambas visitáveis apenas sob marcação) mas é no novo espaço que estão reunidas as peças mais icónicas e valiosas. Para isso foram recuperados vários hangares da base e construídas outras áreas de raiz, num total aproximado de 7500 metros quadrados (contabilizando apenas as áreas interiores) que fazem do Museu do Ar um dos maiores do país.

Junto à entrada, a frase “O Dever da Memória” dá o mote para o espaço e homenageia os homens e as máquinas que ajudaram a concretizar um dos maiores desejos do Homem: voar. Comprado o bilhete (3,5€ adultos; 1,5€ seniores; 1€ estudantes e crianças) chegou a altura de embarcar numa viagem ao passado.
  
Do sapateiro voador ao cinéfilo aviador

A exposição está organizada de forma cronológica por isso começamos por recuar até 1540, ano em que o sapateiro João Tordo inventou um engenho “aéreo” e lançou-se da Torre de Viseu com o objetivo (falhado) de chegar ao céu. Melhor sucedido foi o balão de ar quente (a Passarola de Lisboa) construído pelo padre Bartolomeu de Gusmão em 1709, dois séculos antes do primeiro voo em Portugal com um avião tripulado (pelo francês Armand Zipfel). Um pequeno salto que terminou descontrolado… no telhado de uma casa.

Depois das referências a estes momentos históricos, salta à vista um grande avião militar dos anos 30 - o Junker Ju 52 -, peça rara em todo o mundo e uma das mais valiosas do acervo, juntamente com o “senhor” que se segue, um biplano De Havilland construído em tela e madeira que, na mesma década, fazia a ponte entre Lisboa e Porto. Isto ao serviço da companhia CTA, porque a TAP (Transportes Aéreos Portugueses) só surgiria em 1945. Dessa época também está em exposição um modelo do primeiro avião (DC- 3 Dakota) da companhia, utilizado para fazer a chamada Linha Imperial entre Lisboa e Lourenço Marques (atual Maputo, Moçambique).

Ainda pelo primeiro hangar também merecem destaque os lendários Spith Fire e F–86, representativos do salto tecnológico despoletado pelos aviões a jato, e outras duas peças que remetem para o imaginário do cinema: um De Havilland semelhante ao celebrizado no filme África Minha e o nariz de um Super Constellation que evoca a história de Howard Hughes, piloto, industrial e produtor de cinema imortalizado no filme O Aviador.
  
Conta-me como foi

Segue-se agora um edifício de dois pisos, que começa com o núcleo da TAP, dedicado à história e estórias da transportadora nacional. As duas primeiras montras dão a conhecer a evolução das loiças de bordo e das fardas dos comandantes e hospedeiras. Logo a seguir, está mais uma peça carregada de simbolismo: o primeiro simulador de voo da companhia, que ajudou a treinar muitos pilotos portugueses.

O andar de cima está destinado à ANA Aeroportos de Portugal e mostra, por exemplo, uma maqueta do Aeroporto de Lisboa, um modelo original da primeira torre de controlo e uma sala de espera dos anos 70, com mobiliário e decoração da época. Nas paredes há também várias fotografias antigas, mas a mais curiosa é talvez a que retrata a chegada dos Clipper a Lisboa, aviões anfíbios que aterravam em pleno rio Tejo, mais ou menos no lugar onde agora fica o Oceanário.

Nesta área existe ainda um acesso à pista da base onde estão estacionados vários aviões pertencentes ao espólio do museu, como um P3 e um P2V-5. Devido às suas dimensões (ou por aguardarem restauro) são obrigados a ficar ao relento, à mercê do microclima da serra e das nortadas, mas a verdade é que não há espaço interior suficiente para estes gigantes do ar.
  
Guerra, paz e pioneiros

O crescimento exponencial do espólio do museu levou à ampliação das instalações em 2012, que herdaram três hangares dos anos 20 do século passado totalmente recuperados. O primeiro aborda a temática da aviação civil e desportiva e para isso dá a conhecer, por exemplo, o primeiro avião da companhia aérea moçambicana DETA. Nesta zona existe ainda um curioso auditório multimédia (com assentos de avião e tudo) onde costumam ser projetados filmes e documentários relacionados com a aviação.

A próxima área exibe várias aeronaves militares que marcaram, sobretudo, as campanhas da aviação militar em África, caso do helicóptero T-6. Já no último hangar está um Falcon 20, que durante anos serviu para transportar os membros do governo e outras figuras do Estado, e dois aviões utilizados no treino avançado para aviões de caça: o Lockheed T-33 e o Northrop T-38.

A visita ao museu termina com a Sala dos Pioneiros, um espaço solene e quase intimista que homenageia os primeiros heróis da aviação portuguesa, com destaque para Gago Coutinho e Sacadura Cabral, autores da primeira travessia aérea do Atlântico Sul. E a estes juntam-se ainda nomes como António Jacinto Brito Pais e José Manuel Sarmento de Beires, que fizeram a primeira viagem aérea entre Portugal e acau, ou Carlos Bleck, protagonista de um mítico voo solitário entre Portugal e a Índia. Com eles começou-se a escrever a história da aviação lusa que agora se conta no Museu do Ar.
LIFECOOLER

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