A investida das companhias aéreas para atrair passageiros que pagam
extra por mais espaço para as pernas ou por assentos que viram camas na
classe executiva está apertando ainda mais o espaço reservado para os
viajantes da classe econômica.
A tendência entre as companhias aéreas nos últimos dez anos de
expandir a área dedicada a assentos com preços superiores encolheu o
espaço da classe econômica em muitos jatos grandes.
Mas as companhias não querem perder
passageiros. Então, primeiro elas diminuíram o tamanho dos assentos para
adicionar mais fileiras. Agora, companhias aéreas grandes, incluindo a
American Airlines, da
AMR Corp.,
AAMRQ +0.68%
a Air Canada, a
Air France-KLM SA
AF.FR -3.13%
e a Emirates Airlines, de Dubai, estão diminuindo os encostos dos
assentos para espremer um assento extra em cada fileira da classe
econômica. A mudança está transferindo o padrão usado em voos de curta
duração para os voos de longa distância.
Durante quase 20 anos, a configuração tradicional na parte traseira de um
Boeing 777
era de nove assentos por fileira. Mas, no ano passado, quase 70% dos
modelos maiores da aeronave foram entregues com 10 assentos por fileira,
comparado com apenas 15% em 2010.
Das companhias aéreas que compraram o novo
787 Dreamliner
da Boeing Co. — um modelo alardeado como de maior conforto para os
passageiros —, 90% selecionaram a configuração de nove assentos por
fileira na classe econômica, ao invés da mais espaçosa versão com oito
assentos. E dez companhias aéreas ao redor do mundo usam agora o
Airbus
A330 mais estreito com nove assentos de 42 centímetros cada por fileira
— entre os mais apertados em operação hoje — ao invés de oito assentos
por fileira como o avião foi projetado, de acordo com a Airbus, divisão
da European Aeronautic Defence & Space Co.
A nova tendência reverte meio século de aumento no tamanho dos
assentos da classe econômica. Aviões mais antigos, como o 707 da Boeing,
tinham assentos com 43 centímetros, uma dimensão baseada na largura dos
quadris de um piloto da Força Aérea dos Estados Unidos, diz o diretor
de marketing da
Airbus, Chris Emerson.
Esse padrão para voos de longa
distância aumentou para quase 46 centímetros nas décadas de 70 e 80 com
os jumbos 747 e os primeiros jatos da Airbus. O tamanho aumentou para
quase 47 centímetros com o
Boeing 777
nos anos 90 e com o superjumbo A380 nos anos 2000. Agora, para cortar
custos, as companhias aéreas estão mudando para assentos mais leves de
43 centímetros no Boeing 777 e
787 Dreamliner e de 46 centímetros para o A350.
Muitos viajantes não estão gostando disso, especialmente aqueles que
são grandes ou estão acima do peso. Os descansos de braço e corredores
também estão encolhendo para abrir espaço para o assento extra, o que
significa que mais cotovelos se batem. Apesar dos assentos serem
desenhados mais ergonomicamente, com estofados e apoios de cabeça
melhores, isso não evita que as pessoas fiquem esbarrando seus ombros
umas nas outras.
"Eu me senti como se estivesse entalado na cadeira" de um Boeing 777
da Emirates, disse Ben Goodwin, gerente de marketing da Universidade de
Birmingham, na Inglaterra, que recentemente voou para a China via Dubai.
No seu voo de conexão, um
Airbus A380
da Emirates, os assentos eram quase 2,5 centímetros mais largos. "Eu me
senti como se tivesse recebido um "upgrade", mesmo ainda estando na
classe econômica", disse.
Os passageiros não estão felizes com o espaço reduzido para os
ombros, as trombadas mais frequentes dos carrinhos de serviço em
corredores mais estreitos e com o maior desconforto em geral, diz Andrew
Wong, diretor regional do site de viagens TripAdvisor LLC em Cingapura.
Companhias aéreas e fabricantes de aviões estão cientes de que a
cintura e os quadris dos passageiros não estão encolhendo da mesma forma
que os assentos.
"Estamos conscientes de que servimos uma grande variedade de clientes
e nossas aeronaves precisam ser configuradas de acordo", disse o
vice-presidente sênior de marketing e fidelidade da United-Continental
Holdings Inc., Tom O'Toole, acrescentando que a companhia aérea traz
pessoas de todos os tipos e formas para ajudar a testar e selecionar os
assentos.
O novo 777 da Boeing promete algum alívio. A cabine do 777X terá 10
centímetros a mais que as versões atuais, o que acrescentará um pouco
mais de um centímetro por assento numa fileira de 10 assentos. Mas isso
não acontecerá até cerca de 2020.
the wall street journal