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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Passageiros relatam que não houve pânico no voo de piloto que morreu


O voo 61 da Continental Airlines estava no meio do trajeto de seu voo transoceânico, da Bélgica para Newark, quando surgiu um sinal de problema: um médico era necessário.

Cinco dos 247 passageiros a bordo, incluindo um radiologista cardíaco belga, atenderam ao chamado da tripulação do voo e percorreram os dois corredores da cabine até o cockpit.

Mas nada afetou a calma dentro do avião, um Boeing 777. Não houve anúncio posterior, nenhum sinal de emergência sobre o Oceano Atlântico.

"Nós perguntamos às comissárias de bordo e elas disseram: 'Uma pessoa passou mal'", disse Marlyse Isacson, 62 anos, que vive na Bélgica e estava voando para os Estados Unidos para visitar parentes.

A única coisa ligeiramente incomum, lembrou posteriormente Isacson, era que "algumas comissárias estavam muito irritadiças e desagradáveis".

A cena ocorreu na metade do trajeto do voo com previsão de 8 horas e 15 minutos, que decolou às 9h54 de Bruxelas (3h54 da madrugada, horário da Costa Leste americana). O que os passageiros não conseguiram perceber -até após pousarem em segurança no Aeroporto Internacional Liberty de Newark às 11h59 da manhã- foi que o piloto caiu morto repentinamente em sua cadeira de capitão.

Assim que os cinco médicos chegaram, foi determinado rapidamente que a área do cockpit só era capaz de acomodar um. O dr. Julien Struyven deu um passo à frente. Ele checou os sinais vitais do piloto, tentou sem sucesso ressuscitá-lo com um desfibrilador disponível a bordo e então declarou o óbito do piloto. Ele disse posteriormente que a causa provável foi um ataque cardíaco.

O capitão "morreu no voo, provavelmente de causas naturais", segundo Julie King, uma porta-voz da Continental. O capitão, que tinha 60 anos e não foi identificado pelo nome, tinha 32 anos de serviço na Continental e estava baseado em Newark, disse King, acrescentando que sua família foi notificada.

Quando o avião se aproximava da costa do Canadá, o corpo do piloto foi removido do cockpit para a área de descanso da tripulação, segundo Les Dorr Jr., um porta-voz da Administração Federal de Aviação (FAA). Dois outros pilotos -o primeiro oficial com 9.800 horas de voo e um oficial de ajuda humanitária internacional com 15.500 horas de voo- assumiram os controles do avião, disseram as autoridades.

"A tripulação deste voo incluía um terceiro piloto, que assumiu o lugar do piloto falecido", disse King. "O voo prosseguiu em segurança com dois pilotos nos controles."

Nada do que ocorreu chegou ao conhecimento dos passageiros, muitos dos quais expressaram posteriormente gratidão por terem apenas se perguntado por que a tripulação pediu ajuda de um médico.

"É assustador, mas honestamente, foi bom não terem nos contado", disse Chris Balchuns, 18 anos, um passageiro do voo. "Todo mundo manteve a calma."

Martha Love, que estava sentada na primeira fila, disse que não houve pânico.

"Estava tudo calmo", ela disse. "Todo mundo estava relaxado."

Outra passageira, Kathleen Ledger, de Bethlehem, Pensilvânia, que voltava de uma visita ao seu marido em Bruxelas, disse que ligou seu celular após o avião pousar, no Portão C123, e falou com seu marido.

Isacson disse que as comissárias de bordo alertaram de forma dura os passageiros a permanecerem sentados enquanto o avião taxiava na pista. Após tomar conhecimento da morte, ela disse: "Agora eu entendo o motivo".

Mortes de piloto no ar são casos raros, mas não desconhecidos.

Os controladores de tráfego aéreo ajudaram um passageiro a pousar um bimotor na Flórida em abril, após a morte do piloto após a decolagem. Em fevereiro de 2008, um avião da British Airways operado pela GB Airways, que tinha partido de Manchester, Inglaterra, com destino a Paphos, Chipre, foi desviado para Istambul após a morte de um dos pilotos. Nenhum dos 156 passageiros se feriu. Treze meses antes, um piloto de um 757 da Continental, voando de Houston para Puerto Vallarta, México, morreu após a decolagem com 210 passageiros a bordo. O voo pousou em segurança no Texas.

Em 2007, o Congresso votou por unanimidade pelo aumento da idade obrigatória de aposentadoria dos pilotos comerciais de 60 para 65 anos, o padrão internacional, mudando a regulamentação da FAA em vigor desde 1960. O argumento para o limite de idade era de que pilotos mais velhos se tornam incapacitados com maior frequência por motivos médicos.

Segundo a nova lei, conhecida como Lei de Tratamento Justo aos Pilotos Experientes, pilotos com 60 anos ou mais são obrigados a renovar seu atestado médico a cada seis meses, apesar de King ter se recusado a comentar se o piloto que morreu estava cumprindo essa determinação. A legislação também inclui uma estipulação para os voos internacionais: um piloto com 60 anos ou mais só pode ser o piloto no comando se houver outro piloto na tripulação com menos de 60 anos. Mas todos os comandantes de companhias aéreas, independente da idade, devem passar por exame médico a cada seis meses.

Patrick Smith, 43 anos, um piloto de companhia aérea comercial que voa como co-piloto em 767s, disse que os voos transoceânicos quase sempre contam com tripulantes auxiliares.

Cada um dos três pilotos no voo 61 estariam "plenamente qualificados para operar a aeronave em qualquer regime de voo, incluindo pousos e decolagens em tempo bom ou ruim", disse Smith.

Terry Williams, um porta-voz do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, disse que o conselho não investigará. "Isso não foi um acidente", ele disse.
FONTE: UOL

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