German Efromovich
D.R.
D.R.
O único candidato que chegou à fase final de privatização da TAP no ano passado, e que acabou por ser afastado por não apresentar as garantias financeiras que o Estado português exigia, garante, em entrevista ao Dinheiro Vivo e ao Público, que continua interessado na TAP. Mas diz que não vai esperar para sempre e que está a olhar para outras possibilidades de negócio para entrar na Europa.
O seu interesse na TAP efetivamente mantém-se?O interesse em oportunidades de negócio por parte da Avianca e do grupo Synergy sempre existe. Interesse em um negócio particular, mesmo que seja da TAP, só se manterá dependendo das condições que o governo apresente num novo processo – se é que vai ocorrer. Só estou a achar que está a demorar mais do que necessário e se há verdadeiro interesse e necessidade em privatizar a companhia, o tempo que se está a perder está a causar um grande prejuízo estratégico à companhia. Nós vamos olhar, como continuamos a olhar para várias alternativas no mundo inteiro para o nosso crescimento. Se as condições forem favoráveis e tivermos oportunidade de participar, vamos participar. Se as condições mudarem e concluirmos que as novas condições não são interessantes para a companhia e para o próprio futuro da fase dois da TAP, não vamos participar.
Que condições são essas?Não sou eu que tenho de estipular as condições.
Mas quais seriam para si as condições ideais?Não posso criar condições. O Estado português, proprietário da companhia, é soberano para determinar as condições. Condições estas que, quando determinadas, analisaremos para ver se estamos interessados ou não. Pode haver uma variedade de condições que são interessantes e outras que não são interessantes. Não tenho uma bola de cristal.
Mas interessa-lhe mais uma privatização a 100% ou incluindo uma parte do capital disperso em bolsa, como está a ser analisado pelo Governo?Não sei. Depende de como for feita a dispersão. Não se dispersa o capital de uma companhia em bolsa em dois dias. É um processo que demora seis, sete meses. Uma coisa é certa: nós não estamos a aguardar somente uma decisão do Estado português para planear o nosso futuro, os nossos passos de crescimento ou qual a porta de entrada na Europa que precisamos de procurar. Para nós o tempo é muito importante.
Que outras opções tem em cima da mesa?Não posso dizer. Não teria sentido dizer porque é um movimento estratégico da companhia e não vamos anunciar com quem estamos a negociar antes de concretizar o negócio.
Mas a TAP seria um casamento perfeito?
Não posso negá-lo. Nunca negámos que as sinergias coincidem com a nossa estratégia e desejo e a inexistência de conflitos de interesse numa possível aquisição. São inegáveis. E pelo que os jornalistas escrevem, há também um reconhecimento disso por parte do Estado português. Isso sempre foi transparente, é claro. Talvez sejamos a única alternativa totalmente transparente onde não há dúvida da necessidade de conservar e crescer o hub de Lisboa e crescer a quantidade de empregos. E sem querer ser arrogante, com a maior modéstia possível, nós conhecemos o negócio, sabemos fazer e temos uma história de sucesso. Não é uma aventura. Nesse aspeto coincidimos não só com o Estado mas com os colaboradores – em algumas fofocas que escutamos por aí temos recebido bons fluidos sobre o que seria. Mas tudo na vida tem um tempo, tem o seu momento.
Não posso negá-lo. Nunca negámos que as sinergias coincidem com a nossa estratégia e desejo e a inexistência de conflitos de interesse numa possível aquisição. São inegáveis. E pelo que os jornalistas escrevem, há também um reconhecimento disso por parte do Estado português. Isso sempre foi transparente, é claro. Talvez sejamos a única alternativa totalmente transparente onde não há dúvida da necessidade de conservar e crescer o hub de Lisboa e crescer a quantidade de empregos. E sem querer ser arrogante, com a maior modéstia possível, nós conhecemos o negócio, sabemos fazer e temos uma história de sucesso. Não é uma aventura. Nesse aspeto coincidimos não só com o Estado mas com os colaboradores – em algumas fofocas que escutamos por aí temos recebido bons fluidos sobre o que seria. Mas tudo na vida tem um tempo, tem o seu momento.
O tempo que está a passar está a desvalorizar a TAP?
Não posso falar de valores, mas existe uma boa janela de oportunidade para uma companhia europeia crescer – a crise traz sempre boas oportunidades, mas essa janela vai fechar-se mais ou menos rapidamente. E qualquer companhia que não aproveite para fazer investimentos, para fazer as suas renovações, criar novas oportunidades – que o Estado português não pode porque está proibido de investir em empresas privadas – isso não é benéfico para ninguém.
Não posso falar de valores, mas existe uma boa janela de oportunidade para uma companhia europeia crescer – a crise traz sempre boas oportunidades, mas essa janela vai fechar-se mais ou menos rapidamente. E qualquer companhia que não aproveite para fazer investimentos, para fazer as suas renovações, criar novas oportunidades – que o Estado português não pode porque está proibido de investir em empresas privadas – isso não é benéfico para ninguém.
Mas a TAP está a valorizar-se, reduz prejuízos...
Fico muito satisfeito que isso seja verdade.
Fico muito satisfeito que isso seja verdade.
Estaria disposto a pagar mais pela TAP?
Acha que eu vou dizer o que estou disposto a fazer?
Acha que eu vou dizer o que estou disposto a fazer?
A estes meses de distância da decisão do governo português, como se sente com a decisão tomada, com aquela justificação e o equívoco que se gerou?
Digo o mesmo que disse no dia seguinte: o Estado português é totalmente soberano e autónomo para decidir a vida da companhia que controla. Houve um curto circuito – que não é uma pergunta, não é uma coisa a esclarecer – e a coisa não se deu. Mas o Estado não me deve explicações. Se entendeu na ocasião que a nossa oferta tinha uma falha, faltava alguma coisa, respeito isso.
Digo o mesmo que disse no dia seguinte: o Estado português é totalmente soberano e autónomo para decidir a vida da companhia que controla. Houve um curto circuito – que não é uma pergunta, não é uma coisa a esclarecer – e a coisa não se deu. Mas o Estado não me deve explicações. Se entendeu na ocasião que a nossa oferta tinha uma falha, faltava alguma coisa, respeito isso.
Mas para si foi prejudicial, a Avianca sofreu uma queda em bolsa.Não houve impacto negativo. A bolsa para mim nunca foi referência de nada. Para mim, referência são os resultados e os dividendos e esses foram melhores do que nos anos anteriores. Aliás, está muito equivocada se acha que isso impactou a Avianca. A Avianca, o grupo Synergy, a nossa sobrevivência não depende da compra da TAP e a sobrevivência da TAP não depende de nós a comprarmos.
Depende de uma aquisição.
Sim, mas não necessariamente a nossa. É uma situação totalmente neutra. Se acontecer vai ser bom para a Synergy e bom para os portugueses, mas não é essencial à sobrevivência de nenhuma das partes.
Sim, mas não necessariamente a nossa. É uma situação totalmente neutra. Se acontecer vai ser bom para a Synergy e bom para os portugueses, mas não é essencial à sobrevivência de nenhuma das partes.
Mas não é difícil digerir que não se venda por uma questão financeira?
Em negócios não se digere, vive-se. Em 40 anos de carreira já tivemos boas e más decisões, o que é uma boa decisão para uns é má para outros. Mas vocês querem criar um elemento de causa que não existe. Estão à procura de chifres em cabeça de cavalo. O processo foi normal, simplesmente não ocorreu e ponto. Simples.
Em negócios não se digere, vive-se. Em 40 anos de carreira já tivemos boas e más decisões, o que é uma boa decisão para uns é má para outros. Mas vocês querem criar um elemento de causa que não existe. Estão à procura de chifres em cabeça de cavalo. O processo foi normal, simplesmente não ocorreu e ponto. Simples.
O motivo apresentado é que é complicado.
Eu não apresentei o motivo. Então se o governo apresentou esse motivo, o governo tem de dizer exatamente porque foi. Nós fizemos a nossa lição de casa, apresentámos as nossas condições. Não satisfizeram o governo e o negócio não se fez. E para nós não foi complicado, não foi esquisito. É business.
Eu não apresentei o motivo. Então se o governo apresentou esse motivo, o governo tem de dizer exatamente porque foi. Nós fizemos a nossa lição de casa, apresentámos as nossas condições. Não satisfizeram o governo e o negócio não se fez. E para nós não foi complicado, não foi esquisito. É business.
Viu o relatório da comissão que acompanhou o processo?
Não li o relatório.
Não li o relatório.
Dizia que além da tal questão financeira havia risco na execução da estratégia, o que põe em causa a ideia que se tinha de que estrategicamente era completamente complementar.
Eu não li o relatório, mas quem disse que havia riscos na estratégia estava equivocado. Não deve entender o negócio da indústria. É como quando se chama um banco para falar de negócios. Banco não entende de negócios. Entende de emprestar dinheiro para quem não precisa.
Eu não li o relatório, mas quem disse que havia riscos na estratégia estava equivocado. Não deve entender o negócio da indústria. É como quando se chama um banco para falar de negócios. Banco não entende de negócios. Entende de emprestar dinheiro para quem não precisa.
Para si seria mais conveniente comprar a TAP partida, sem a parte de Manutenção e Engenharia?
Eu não quero julgar, mas separar a ação da parte da engenharia, não vejo como vai gerar valor, porque no momento que se separa, a não ser que se tenha alguém sólido e sério para assumir, está a ficar com a parte podre, que não sabe até que nível poderá trazer outras consequências. O mais lógico para mim, se eu estivesse do outro lado, era: olha, esse é o pacote, diz-me o preço e se me interessar eu vendo, se não não vendo. Mas isso de fatiar para conseguir mais 1 de um lado e correr o risco de perder 10 do outro não me parece uma decisão acertada.
Eu não quero julgar, mas separar a ação da parte da engenharia, não vejo como vai gerar valor, porque no momento que se separa, a não ser que se tenha alguém sólido e sério para assumir, está a ficar com a parte podre, que não sabe até que nível poderá trazer outras consequências. O mais lógico para mim, se eu estivesse do outro lado, era: olha, esse é o pacote, diz-me o preço e se me interessar eu vendo, se não não vendo. Mas isso de fatiar para conseguir mais 1 de um lado e correr o risco de perder 10 do outro não me parece uma decisão acertada.
Em quanto é que a Synergy avaliou esta parte da manutenção?
Eu sempre disse que não vou dizer os detalhes da proposta. Quem tem de divulgar é o Estado português.
Eu sempre disse que não vou dizer os detalhes da proposta. Quem tem de divulgar é o Estado português.
Mas o Estado não revelou esses valores.
Porque se calhar a Synergy não “disclosou” (revelou) os valores por pedaço. Quando se compra alguma coisa não se pergunta o preço do parafuso.
Porque se calhar a Synergy não “disclosou” (revelou) os valores por pedaço. Quando se compra alguma coisa não se pergunta o preço do parafuso.
Mas parece haver comprador para a manutenção no Brasil.
Ótimo!
Ótimo!
A Avianca não está nesta corrida?
Não posso dizer isso porque eu não sei se estão a vender. Você é que me está a dizer que há um monte de especulações.
Não posso dizer isso porque eu não sei se estão a vender. Você é que me está a dizer que há um monte de especulações.
O Estado está a tentar desfazer-se da manutenção para depois avançar com a venda da TAP...
Não estão a desfazer-se porque não estão a dar de presente, imagino. Até deveriam dar... O facto é que há muita especulação. Neste momento, desde dezembro até hoje o Estado português não está oficialmente a vender nada, no que diz respeito à TAP. Podem estar a analisar, não sei, e os media podem especular, mas na realidade não há nada à venda. Pode ser que amanhã coloquem algo à venda. Separado, junto, rateado. Não sei.
Não estão a desfazer-se porque não estão a dar de presente, imagino. Até deveriam dar... O facto é que há muita especulação. Neste momento, desde dezembro até hoje o Estado português não está oficialmente a vender nada, no que diz respeito à TAP. Podem estar a analisar, não sei, e os media podem especular, mas na realidade não há nada à venda. Pode ser que amanhã coloquem algo à venda. Separado, junto, rateado. Não sei.
Não foram contactados pelo Estado português?
Não.
Não.
Mas tem tido contactos informais com o governo?
Não, nem formais nem informais.
Não, nem formais nem informais.
Mas esteve em Lisboa recentemente. Contactou alguns escritórios de advogados, nomeadamente a Abreu Advogados?
Não contactei ninguém sobre a TAP. Vou muitas vezes em Lisboa, é um ótimo sítio para comer bacalhau. E também estive em Espanha, vou para a Áustria... Lisboa é muito bom, tem uma aura muito boa.
Não contactei ninguém sobre a TAP. Vou muitas vezes em Lisboa, é um ótimo sítio para comer bacalhau. E também estive em Espanha, vou para a Áustria... Lisboa é muito bom, tem uma aura muito boa.
Mas esteve com Fernando Pinto?
Cruzei-me com ele no Brasil há umas semanas.
Cruzei-me com ele no Brasil há umas semanas.
Fala muito de condições, mas que condições considera que seriam boas?
Não posso dizer, porque imagina que eu dizia e era melhor do que estavam a pensar oferecer! Podia perder uma proposta melhor do que aquela que estou disposto a fazer.
Não posso dizer, porque imagina que eu dizia e era melhor do que estavam a pensar oferecer! Podia perder uma proposta melhor do que aquela que estou disposto a fazer.
Há uma boa notícia: a Procuradoria-Geral da República diz que os pilotos não podem exigir ficar com 20% da companhia.
Não tenho nada contra os pilotos também serem acionistas, ou qualquer cidadão, português ou não, mas para isso têm de pagar o preço justo e assumir os riscos, investimentos e as garantias da companhia.
Não tenho nada contra os pilotos também serem acionistas, ou qualquer cidadão, português ou não, mas para isso têm de pagar o preço justo e assumir os riscos, investimentos e as garantias da companhia.
Estaria disposto a dispersar parte do capital da TAP em bolsa?
Sim, nunca escondi que o caminho para a TAP numa segunda etapa passaria por pôr parte do capital em bolsa. É uma forma inteligente e economicamente eficiente de fazer a companhia crescer.
Sim, nunca escondi que o caminho para a TAP numa segunda etapa passaria por pôr parte do capital em bolsa. É uma forma inteligente e economicamente eficiente de fazer a companhia crescer.
A compra da ANA pela Vinci foi uma boa decisão?Foi uma excelente decisão em favor do Estado português, agora a Vinci, para poder recuperar o investimento, vai precisar que o hub de Lisboa cresça, que o volume tenha um considerável aumento, porque de outra forma vai ser muito difícil recuperar o investimento. A Vinci sabe o que faz, tem capital e experiência, mas sem passageiros não adianta.
DINHEIRO VIVO
Um comentário:
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