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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Responsável por investigações é visto com desconfiança


O chefe do escritório de investigação (BEA) encarregado de descobrir as causas da queda do A330 da Air France, Paul-Louis Arslanian, é um profissional com enorme experiência no assunto.

Porém, isso não o deixa a parte de uma série de controvérsias em torno da atuação da agência em situações anteriores. Mesmo no caso do AF447, a coletiva de imprensa que a BEA montou no sábado se esforçou em deixar claro que a tempestade enfrentada pela tripulação do jato não era grande ou assustadora o suficiente para figurar entre as causas da tragédia. A tese gerou dúvidas entre especialistas, principalmente depois da revelação detalhada das condições de meteorologia ao longo da rota do AF447.

Outro ponto polêmico em relação a Arslanian diz respeito ao pior acidente da história da França em termos institucionais, que foi o incêndio e a queda do Concorde, em 1999, após a decolagem no aeroporto Charles de Gaulle. O chefe da BEA atuou na investigação que atribuiu o desastre ao fragmento de metal que havia caído da turbina de um DC-10 da Continental, cuja decolagem havia sido anterior à do supersônico. A peça, de 15 centímetros de comprimento, estourou um dos pneus do jato e os pedaços de borracha, a grande velocidade, foram atirados para cima, perfurando o tanque de combustível e provocando o incêndio que derrubaria o jato antes que os pilotos pudessem alcançar a pista de Orly.

A grande discussão nesse caso gira em torno do fato de que, para peritos e pilotos britânicos que não teriam participado da investigação, embora o projeto fosse de ambos os países, o fragmento só foi fatal por atingir um pneu já degradado e em processo de desintegração. Estudiosos ingleses que analisaram as fotos tiradas dos destroços notaram a ausência, no eixo do trem de pouso esquerdo – a peça ficou intacta – de um espaçador. Esse pequeno dispositivo é uma espécie de luva instalada sobre o eixo das rodas e tem a importante função de mantê-las alinhadas junto com outros dois calços, cada um colocado por trás do cubo. Por essa versão, a ausência do espaçador teria permitido que um dos calços se deslocasse para o centro do eixo no momento da decolagem. O pneu, então, passou a trepidar – nos carros o efeitos chama-se shimming – e foi perdendo consistência estrutural. Ao atingir o fragmento, desintegrou-se de vez.

Confrontado com a versão inglesa, Airslanian a descartou completamente, apesar de haverem evidência fortes de que a explicação oficial era simples demais. Além da ausência de uma peça – o Concorde tinha passado por manutenção nos trens de pouso na véspera ou dias antes do acidente – uma imagem da pista na proximidade do ponto onde o fogo começou reforça a avaliação britânica por mostrar que o jato já vinha se deslocando para a esquerda em relação ao eixo da pista antes do ponto onde o fragmento metalico se encontrava. Isso seria uma clara sinalização de que um dos pneus vinha tão comprometido pela trepidação que uma lâmina metálica acabaria por destroça-lo. Várias famílias de passageiros do Concorde não aceitam a explicação oficial e ainda brigam na Justiça por uma revisão. O relatório final, no qual Airslanian teve participação, sequer menciona a falta do espaçador no trem de pouso traseiro esquerdo.

O comportamento hesitante do investigador no caso do A330 também desperta desconfiança entre especialistas. Desde o inicio, por exemplo, Arslanian sabia a quantidade de mensagens enviadas pelo A330 ao centro de operações. Só as confirmou uma semana depois.

Também tinha conhecimento de que a incoerência nas leituras de velocidade guardava relação direta com um equipamento com histórico de problemas – o Pitot. Também só afirmou uma semana depois que o jato acidentado ainda estava com o equipamento problemático.

As questões políticas que envolvem o trágico acidente também são motivo de preocupação. O fabricante é um consórcio europeu no qual a França é um dos maiores acionistas – a fábrica principal da Airbus fica em Toulouse. A companhia envolvida no caso é francesa e um dos maiores conglomerados do planeta na aviação. E a investigação está a cargo de um escritório envolvido nessa polêmica do Concorde.

Fonte:Jornal do Brasil

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