O Concorde foi um sonho supersónico de mais de 20 anos. Foi o único avião a voar com o dobro da velocidade do som. Nasceu de um projecto franco- britânico, em 1963, numa época em que o preço do petróleo era pouco mais alto que o da água.
O consumo de combustível disparava ao ultrapassar a velocidade do som, mas não havia preocupações ambientais.
Giovanni Magi, antigo piloto e especialista da Euronews em aviação, explica que se tratava, essencialmente, de prestígio nacional face aos Estados Unidos, por um lado, que tinham renunciado a um projecto similar, e, por outro, à antiga União Soviética, que tinha ripostado com o Tupolev 144, que entrou ao serviço mas foi retirado muito depressa.
O desenvolvimento da tecnologia do Concorde modificou os métodos de trabalho na aeronáutica e abriu a porta às inovações que sobreviveram, como o ABS, o teflon ou os comandos eléctricos de voos que lhe sucederam..
Em 1976, o avião supersónico ficou pronto para efetuar voos comerciais, de Londres para o Bahrain e Washington, e de Paris para o Rio de Janeiro.
Giovanni Magi:
“Também era o desafio de ultrapassar os limites, o voo supersónico passava o Atlântico em três horas e meia, em vez de 8 h, chegava a Nova Iorque, graças ao jogo com os fusos horários, duas horas antes da descolagem em Londres ou Paris. Isto permitia aos empresários fazer as reuniões e trabalho durante o dia em Nova Iorque. “
Mas apenas uma minoria podia pagar a ida e volta a Nova Iorque, três vezes mais cara do que num voo tradicional. O mercado era demasiado limitado para se tornar rentável. E desde o choque petrolífero em 1973, o consumo começava a ser considerado demasiado alto.
Hoje, colocam-se ainda as questões sobre segurança…teria sido suficiente para um avião submetido a condições tão extremas?
“O supersónico comercial tem características e uma problemática aerodinâmica completamente diferentes das dos aviões de outras linhas. Por exemplo, a fricção do ar sobreaquecia a fuselagem a uma temperatura próxima dos 120°C. A cada voo, o Concorde dilatava-se 30 cm, os pilotos nem sequer podiam tocar as janelas porque se queimavam”.
Era difícil melhorar um avião tao pouco rentável, mas que ficou mítico na história da aeronáutica civil.
euronews
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