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segunda-feira, 8 de março de 2010

Falhas na manutenção podem explicar acidentes


Duas pessoas morreram na queda de um monomotor, perto da localidade de Ciborro, Montemor-o-Novo, elevando para 12 o número de quedas de aparelhos desde Janeiro de 2009. Uma das vítimas é o antigo Capitão de Abril José Inácio da Costa Martins. O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) aponta as falhas na manutenção como uma das principais razões para acidentes.


Em declarações à RTP, o presidente do SITEMA nota que faltam técnicos qualificados e certificados para a manutenção de aeronaves que, tal como com os carros, deverá ser feita após determinado número de horas de utilização. Óscar Antunes admite desconhecer em que condições é feita a manutenção destes aparelhos, como o Mooney que caiu sábado em Montemor-o-Novo.

Na página de Internet do fabricante pode ler-se que as aeronaves devem ser inspeccionadas a cada 50 /100 horas de voo, além da inspecção anual.

O presidente do SITEMA defendeu uma maior fiscalização à manutenção das areonaves. Uma das soluções apontadas por Óscar Antunes passa pela a criação de centros independentes para inspecção das aeronaves.

O sindicalista estabelece uma relação entre o elevado número de quedas de aeronaves desde 2009 e o aumento da compra desses aparelhos em Portugal. "É também um reflexo de que cada vez há mais aeronaves no país. Há um crescimento de compra que não tem sido acompanhado por um rigor técnico na manutenção", sublinhou Óscar Antunes, sem esquecer o "elemento humano" (ver vídeo de entrevista à RTP).

Desde Maio de 2009, os acidentes com aeronaves provocaram 11 mortos e 13 feridos.

Pista em Montemor-o-Novo

A queda desta aeronave em Montemor-o-Novo é o segundo acidente aéreo registado em Portugal este ano. O último ocorreu no mês passado no aeródromo de Tires, onde três pessoas ficaram feridas e uma morreu.

O proprietário da pista particular da Herdade de Cavaleiro e Pinheiro, de onde saiu a aeronave no sábado, garante que a infraestrutura está autorizada. "A pista é normal, perfeita e é legal", afirma o dono, Carlos Nogueira, que pelas 19h30 (três horas após a saída do aparelho) deu o alerta do desaparecimento do monomotor e às 20h30 contactou a GNR.

Os militares da GNR dizem que receberam, recentemente, uma informação a denunciar a ilegalidade da pista da Herdade de Cavaleiro.

A fiscalização dos terrenos de terra batida, pistas, aeródromos ou heliportos é competência das autoridades policiais, nota, por seu turno, o Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).

A investigação a acidentes é da competência do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves, tutelado pelo Ministério das Obras Públicas e o INAC, a entidade reguladora da aviação civil em Portugal "apenas poderá actuar mediante denúncia de que são realizadas operações de voo que podem pôr em causa a segurança área".

O Mooney caiu na Herdade da Atabueira, a 500 metros da pista particular onde deveria regressar. O dono da propriedade e presidente da Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA) conta que ninguém testemunhou a queda da aeronave. Segundo Jacinto Amaro, o acidente não provocou danos no terreno.

Jacinto Amaro acrescenta que "ainda não se sabe" se o aparelho caiu quando levantava voo ou aterrava. "Ninguém viu cair a aeronave", disse. Segundo presidente da FENCAÇA, a pista particular existe "há muitos anos" e começou por ser uma pista agrícola.

Capitão de Abril, José Inácio da Costa Martins

Um dos mortos deste acidente é José Inácio da Costa Martins, de 72 anos, coronel da Força Aérea. A outra vítima mortal é José Alberto Sousa Monteiro, comandante reformado da TAP. Natural de Messines, Costa Martins, piloto-aviador na reforma, participou no comando que tomou de assalto o Aeroporto da Portela e o Aérodromo Base 1 de Lisboa no 25 de Abril.

Costa Martins era responsável pela tomada do aeroporto de Lisboa, um dos pontos estratégicos, onde chegou sozinho, apesar de estar previsto que teria o apoio das forças terrestres para "secundar a aproximação". O atraso destas não desmobilizou Costa Martins. Ao perceber que estava sozinho, Costa Martins arriscou o bluff e anunciou que a zona estava cercada por forças militares, contou à Lusa, o militar de Abril Tasso Figueiredo.

O General Spínola, então Presidente da República, convidou-o a 31 de Maio a desempenhar as funções de membro do Conselho de Estado. Foi Ministro do Trabalho nos governos provisórios de Vasco Gonçalves até 1975. Foi no período de Costa Martins como titular da pasta do trabalho que surgiu a campanha um dia de salário para a nação.

Deixa o cargo e o país após a transição do poder para o Almirante Pinheiro de Azevedo. Dividia o seu tempo entre Lisboa e o Algarve.

RTP

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