Numa assembleia-geral realizada esta quarta-feira, os pilotos da TAP decidiram parar por seis dias ainda este mês, em resposta à proposta da Administração relativamente às actualizações salariais e compensação pelos ganhos de produtividade.
Do plenário convocado pelo Sindicato de Pilotos de Aviação Civil (SPAC) saiu um mandato para a direcção "rejeitar a proposta da administração relativa à compensação pelos ganhos de produtividade dos pilotos, por ser objectivamente insuficiente, desequilibrada e discriminatória dos pilotos da TAP, face aos demais trabalhadores".
O pré-aviso de greve deverá ser emitido dentro de três dias e os pilotos param de 26 a 31 de Março.
Numa reacção a estas decisões, António Monteiro, porta-voz da transportadora, lamentou a decisão do Sindicato de Pilotos de Aviação Civil (SPAC), considerando que a greve deverá colocar a TAP numa situação muito delicada numa altura em que a empresa começava a ver "sinais de recuperação".
O responsável fez as contas a um prejuízo diário na ordem dos cinco milhões de euros, estimando que no final a paralisação afectará os cofres da empresa em 30 milhões de euros. António Monteiro explicou que a marcação do período de greve muito próximo da Páscoa a torna particularmente crítica, uma vez que se trata do primeiro momento "do ano em que há a expectativa de receber fluxos importantes de turismo".
"Além de negativa e prejudicial para a TAP, é também muito negativa para o país", acrescentou António Monteiro.
Sustentando que o SPAC "ignora a realidade", António Monteiro falou do "historial de greves" do Sindicato de Pilotos de Aviação Civil (na TAP e na Portugália), um historial "nada favorável para uma empresa de transporte aéreo".
Pilotos estão "fora do contexto"
António Monteiro considera "normal" a busca de aumentos salariais, mas acrescenta que "a indústria dos transportes aéreos teve uma crise profunda que motivou o congelamento salarial em 2008 e 2009", pelo que os pilotos devem ter em conta este contexto.
E "em 2010 negociou-se já um aumento de 1,8 por cento", acrescentou o porta-voz da transportadora.
Por seu lado, os pilotos consideram que o "impasse" do processo negocial "resulta do facto de a Administração da TAP ter desvalorizado de um modo inaceitável as inúmeras concessões que solicitou ao SPAC, susceptíveis de reduzirem os custos operacionais e aumentarem a produtividade dos pilotos".
"A administração da TAP insiste em continuar a apropriar-se de uma fracção significativa do valor criado, desrespeitando o contributo e a dignidade profissional dos pilotos. Por outro lado, as propostas da Administração não convergem minimamente com os objectivos, concessões e legítimas expectativas dos pilotos", refere ainda um comunicado do SPAC.
Moção da assembleia-geral aprovada com 70 por cento de votos
Os pilotos iniciaram a reunião de quarta-feira com uma proposta da Administração da TAP em cima da mesa no que respeita a aumentos salariais.
De acordo com Fernando Pinto, presidente da transportadora, "em Novembro, os pilotos apresentaram um valor muito mais alto, que não se podia de forma nenhuma pensar em considerar. A nossa proposta foi dizer que os valores eram impossíveis sequer de conversar, mas que existia a possibilidade de discutir o acordo de empresa de forma a ter ganhos de eficiência sem serem prejudiciais para os pilotos". Primeiro o sindicato disse ‘não' e respondeu com a greve, acabando por ceder num segundo momento.
Fernando Pinto explicou que ficou então aceite pelos pilotos que "os ganhos que tivéssemos com isso, reais e mensuráveis, a TAP iria dividir - parte seria incorporada no salário e outra ficaria para a empresa - (de acordo com) a proposta em Novembro", tendo o sindicato chegado a novo impasse, com uma dúvida a ser levada à reunião de ontem: "Quais seriam os impactos na operação da empresa em termos de ganhos".
Fernando Pinto deu então instruções "para que o cálculo desse o máximo no beneficio às duas partes: ganhos reais que depois dividiríamos pelos dois. O cálculo a que chegámos foi metade ou menos do apresentado pelos sindicatos", surgindo então a possibilidade de fazer acrescer a estes ganhos aumentos salariais de 1,8 por cento.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) admitiu que a proposta "foi objecto de consenso preliminar prévio", mas lamentava ainda antes da reunião que a resposta posterior da Administração tenha saído contrária às expectativas dos pilotos "ao pretender manter a erosão" dos salários.
RTP
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