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terça-feira, 6 de julho de 2010

NetJets. Como Portugal controla os aviões privados de Warren Buffet



Centro operacional em Oeiras trata de tudo para os 1600 clientes europeus.

O telefone toca às onze da manhã: alguém precisa de voar entre Paris e Amesterdão dentro de algumO telefone toca às onze da manhã: alguém precisa de voar entre Paris e Amesterdão dentro de algumas horas, de preferência a tempo de apanhar o jantar. A missão é mais complicada que o habitual, mas poucos segundos depois da "encomenda" já uma equipa com dezenas de pessoas trabalha para a tornar realidade. E são raros os casos em que o desejo de um cliente não se transforma numa ordem. Afinal, a maior empresa de aviação privada do mundo, a NetJets, está no negócio de vender uma das coisas mais preciosas do mundo actual: o tempo.

"Quando um pedido é feito, temos dez horas de tempo de resposta", indica Mário Spínola, director de operações do centro da NetJets em Portugal. É daqui que se controla toda a frota europeia da empresa, para onde quer que se viaje ou de onde quer que se venha. Esta janela temporal significa que, em dez horas, a NetJets tem de preparar o avião, garantir a tripulação, reservar um slot no aeroporto de destino e tratar de toda a burocracia de entrada (o que nem sempre é fácil quando o destino é, por exemplo a Rússia). É por isso que a maioria dos seus clientes são empresários, que voam literalmente de uma reunião para a outra. E tempo, além de comodidade, é o bem essencial que compram quando encomendam o serviço de táxi aéreo da empresa, que tem Arnold Schwarzenegger e Tiger Woods como clientes fiéis.

É a partir de Oeiras que são geridas todas as operações de agendamento, logística, manutenção, compras, autorizações e apoio aos 1600 clientes europeus da NetJets. Uma tarefa controlada ao pormenor para todos os voos - são mais de 200 por dia - com equipas de várias nacionalidades. Só no centro de contacto falam-se 13 línguas e são recebidos 25 mil pedidos de apoio por mês. "Daqui faz-se tudo para o mundo inteiro na frota europeia", congratula-se Mário Spínola, reconhecendo que Portugal tem uma importância estratégica na empresa detida pelo milionário Warren Buffet.

Sem surpresa, praticamente só se vêem homens no piso central do centro de operações, onde trabalham 470 pessoas, e há salas de simulação e treino especializado. São engenheiros, na maioria, sentados em frente de monitores com símbolos indecifráveis, agarrados ao telefone ou a mexer em papelada. O ambiente é tão calmo quanto o necessário para garantir que não há um único soluço nas operações. E que, se houver, não dura mais que alguns segundos.

Era impossível para o sector da aviação privada passar ao lado da crise que estoirou em 2008, não só por causa aumento brutal do preço do combustível (jet fuel), mas também pela diminuição drástica do número de voos efectuados pelos clientes. A quebra foi tão significativa que a NetJets acabou por despedir cerca de 90 pessoas em Portugal no ano passado, redimensionando o centro de operações para os pouco mais de 200 voos diários. Mário Spínola garante, ainda assim, que este ano já está a registar um aumento da procura por parte dos clientes. É que o pagamento é feito em função do número de horas de voo, e 25 horas custam, no mínimo, 139 mil euros por ano (sendo que metade dos clientes usa o conceito de propriedade fraccionada, isto é, detém uma parte do avião, o que corresponde a pelo menos 50 horas de voo). Também é relevante o modelo de avião utilizado: um Cessna Citation Bravo com capacidade para sete passageiros não está ao mesmo nível a que o topo de gama Gulfstream V/550, que leva 14 pessoas.

"A nossa base de clientes não mudou, passaram foi a voar muito menos", adianta Mark Wilson, director das operações da NetJets, também sediado em Portugal. O responsável confirma que há um aumento na procura em 2010 e que o crescimento deverá ser de "um dígito" este ano. Embora sublinhe que a aviação privada nunca mais vai crescer ao ritmo louco do período antes da crise, Wilson também destaca que há cada vez mais gente a olhar para o modelo da propriedade fraccionada. "Antes era mais comum comprar um avião próprio. Agora, as pessoas preferem comprar uma parte a empresas como a NetJets, principalmente se as viagens forem de negócio", conclui.
I ONLINE

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