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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Senhora do Loreto une aviação


Senhora do Loreto, padroeira universal da aviação, assinalou este ano o 90.º aniversário da sua elevação. A aldeia de Alcafozes, no concelho de Idanha-a-Nova cumpriu mais uma vez a tradição e recebeu profissionais da Força Aérea Portuguesa e da aviação civil, na passada segunda-feira, dia 30 de Agosto.

“A história do culto a Nossa Senhora do Loreto tem duas partes distintas: a antiga, só com o povo de Alcafozes, que conservou esta tradição e esta devoção. Depois, a partir dos anos 60 a vinda da Força Aérea Portuguesa (FAP) e mais tarde das companhias de aviação. São duas fases completamente distintas historicamente”, diz o padre Adelino Lourenço.

Ao certo não se sabe a origem desta tradição e como a Senhora do Loreto aparece numa aldeia recôndita do concelho raiano.

“Esta primeira fase penso que tem um valor enorme, porque a gente que dizem ser rude, fechada e ignorante, foi a que manteve, à sua maneira, não só a imagem, como o culto, a capela e a devoção a Nossa Senhora”, realça o pároco.

Esta segunda fase surgiu depois da intervenção de um natural da localidade. “Um senhor que estava bem relacionado em Lisboa, com gente da Força Aérea falou da existência da capela e da devoção à Senhora”, acrescenta. Foi o suficiente para que o então subsecretário da aeronáutica Kaúlza de Arriaga viesse até Alcafozes assistir aos festejos. Foi a partir daí que a FAP começou a participar nas cerimónias e mais tarde junta-se-lhe a TAP.

“Um outro conterrâneo que estava na TAP, convida os colegas para vir à sua terra e hoje praticamente a festa religiosa da segunda-feira é mais uma oferta do povo ao pessoal da aviação”, concretiza Adelino Lourenço.

Na sua homilia, o padre destacou a veracidade dos sentimentos, não só da população, como daqueles que, vindos de fora, vivem com fé e devoção a festa a Nossa Senhora do Loreto.

“É preciso dar muita importância a este valor de populações de aldeias isoladas, que durante anos e anos, décadas e séculos tiveram habilidade, bom senso e sabedoria para guardar e conservar, à sua maneira, tradições, cultos, costumes, canções”, disse. Mas, também não esqueceu aqueles que, percorrendo o mundo podem transmitir “a pureza do nosso viver, diferente das grandes metrópoles”.

Emília Macedo, da Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine é uma presença histórica nesta festa. “A determinada altura da vida da empresa há um dos nossos directores gerais de operações de voo, que era muito amigo de um brigadeiro da Força Aérea, que estava habituado a sobrevoar Alcafozes nos festejos e começa a incentivar os tripulantes para que viessem homenagear a Senhora”, recorda.

E lembra que, na altura ele nomeava uma tripulação completa e dispensava duas carrinhas para o pessoal vir à missa de segunda-feira e regressar a Lisboa.

Há pouco mais de 40 anos, a TAP integrou as comemorações e desde aí que Emília Macedo, acompanha estes festejos, apesar do interregno com o 25 de Abril.

“Ao fim de alguns anos, reparámos que a capela estava degradada e a própria imagem da santa estava muito danificada. Então, os três sindicatos de voo reuniram-se e a muito custo, conseguimos levá-la para Lisboa, para restaurar. Foi aí que se descobriu que era uma imagem autêntica do século XVIII. Mandámo-la chipar, registar e veio para cá protegida e é património nacional”, diz Emília Macedo.

As cerimónias foram, mais uma vez, bastante participadas, contando com uma forte representação da FAP, com a presença do seu Chefe de Estado Maior, guarda de honra e terno de clarins, que acompanhou a missa presidida pelo pároco, Adelino Lourenço, coadjuvado pelo capelão da Força Aérea.

A procissão foi sobrevoada pela esquadrilha de aviões F16 e por aviões civis, que lançaram pétalas sobre o andor, transportado por cadetes da FAP.

As festas contaram, ainda, com representantes de diversas companhias aéreas, sindicatos e associações de aviação civil, todos devidamente uniformizados.

A TAP em conjugação de esforços com a FAP quer manter viva a tradição, sem a alterar. E dão a sua ajuda às diversas comissões de festa que se sucedem. “Nós só queremos que estes festejos tenham mais brilho com a presença de gente ligada à aviação”, conclui.

jornal reconquista

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