Quando um celular está sendo utilizado, para fazer ou receber ligações, ele emite ondas eletromagnéticas. Dentro de um avião, a intensidade dessas ondas pode causar algum tipo de interferência na parafernália de bordo e dificultar a navegabilidade.
O sistema da empresa suíça OnAir, que será utilizado no Brasil pela TAM ainda neste semestre, traz uma tecnologia que reduz as emissões de rádio dos dispositivos a bordo. Com isso, oferece a segurança necessária para uma viagem sem turbulências.
O superintendente de aeronavegabilidade da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Dino Ishikura explica que a novidade é parecida com a tecnologia usada por estações de rádio-base terrestres. “A diferença é a própria estação, que está dentro do avião, e não no solo”, diz. Nesse sentido, o sinal dos celulares são emitidos até a central exclusiva que os repassa para um satélite linkado com a terra, finalizando a comunicação. “O processo de certificação está em fase final, e até agora a Anac já conduziu uma série de discussões técnicas com a solicitante (TAM), em que foram avaliados todos os aspectos do projeto e operação do sistema”, afirma Ishikura.
Os relatórios da Anac para a liberação do uso da tecnologia no Brasil são complementos de outros realizados pela European Aviation Safety Agency (Easa), responsável pela segurança dos ares no Velho Mundo. Segundo o supervisor-geral de marketing da TAM, José Racowski, a liberação da agência europeia deu respaldo para que muitos países procurassem a certificação do produto. “A tecnologia é totalmente segura e o sinal tem a melhor qualidade possível, pois é controlável. A central dentro do avião só é ativada quando ela atinge três mil metros de altura, e apenas 12 celulares vão poder estar simultaneamente conectados com a terra. Acima disso, o sistema bloqueia automaticamente o serviço. Outro detalhe é que os telefones dentro da aeronave não poderão comunicar-se entre si”, pontua.
O executivo comenta que o número limitado é suficiente para a quantidade média de passageiros a bordo de um voo doméstico, algo em torno de 174. “Se tivermos uma demanda muito alta existe a possibilidade de aumentar esse número. Para isso, seria instalada uma segunda antena”, diz Racowski. A empresa espera a martelada final da Anac para pôr em prática o experimento, pois a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já autorizou a fase de testes, salientando que só funcionarão aparelhos registrados por ela. Nada de importados.
A solicitação foi feita à superintendência de aeronavegabilidade da Anac – órgão responsável pela certificação de produtos aeronáuticos no Brasil – em 2008. De lá para cá, nenhum outro pedido foi feito, apesar de existirem outras tecnologias compatíveis com outros modelos de avião. Ou seja, nenhuma outra companhia aérea brasileira manifestou interesse em oferecer o serviço. A assessoria de comunicação da Gol, maior concorrente da TAM, afirmou que, “no momento não tem nada a divulgar sobre o assunto”.
O fato de apenas os modelos A319, A320 e A321 terem sido escolhidos para o pontapé inicial, não significa que a abertura do sistema para rotas internacionais está fora dos planos da TAM. Segundo a empresa, se a novidade conquistar os passageiros, a malha nacional será prioridade. Com planejamento, não tardaria até a companhia sair dos limites do território brasileiro.
CONECTIVIDADE - Além da possibilidade de se comunicar através de chamadas de voz, outros serviços aumentam ainda mais a expectativa dos conectados de plantão. O sistema OnAir contratado para operar no Brasil permite ainda o acesso à internet a partir de dispositivos móveis com modem e envio de SMS. Mais: a tecnologia GPRS (formato de dados para GSM) estará ativa o tempo inteiro. Usuários de smartphones poderão usar os aplicativos de seus gadgets de forma irrestrita, ao contrário do que ocorre com a função de voz.
O sinal percorrerá o mesmo trajeto das chamadas telefônicas, e será cobrado pelas próprias operadoras de telefonia móvel. “Não teremos relação direta com os custos dos serviços. Nosso objetivo é nos aproximarmos das operadoras para mostrá-las como isso pode ser vantajoso para os clientes”, conclui José Racowski.
Um bom exemplo é o da Austrália, onde nos primeiros quatro meses de implantação do serviço 11 mil passageiros aderiram à troca de mensagens, segundo a companhia Quantas.
JC Online
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