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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Aterrissagem no controle da Baía de Guanabara

Quatro ex-controladores de tráfego aéreo comandam agora a navegação de barcas e catamarãs. Qualidades como controle emocional e raciocínio rápido são o diferencial

'A barca decolou da Praça 15’. “Pousou em Niterói”. “Os usuários desembarcaram da aeronave”. As expressões, corriqueiras no Centro de Controle Operacional (CCO) da Barcas S/A, são ato falho de equipe de profissionais que já esteve com os olhos no céu, mas hoje fixa sua atenção no mar. Quatro ex-controladores de tráfego aéreo, eles deixaram as torres de comando de aeroportos para emprestar sua experiência com aviões ao monitoramento do transporte nas baías de Guanabara e da Ilha Grande.

A operação é tão delicada que a única falha tolerada no CCO, considerado o coração da empresa, é a do linguajar. “O trabalho no aeroporto era complexo, são 90 aviões por dia, cruzando o mundo inteiro. Aqui o espaço geográfico é menor, não são muitas embarcações, mas é um transporte de massa sob concessão. Temos a obrigação de manter a regularidade dos horários”, explica Tatiana Cortes Delmonte, ex-controladora e agora supervisora de Logística, Planejamento e Atendimento.

O raciocínio rápido e o bom controle emocional dessa turma oriunda da Varig — que deixou de operar em 2006 por causa de grave crise financeira — chamou a atenção da concessionária, que em 2008 os contratou e inaugurou o CCO, equipado com computadores, sala de gerenciamento de crise e um telão onde o trajeto das barcas e catamarãs é monitorado por satélite.

Os controladores usam praticamente as mesmas técnicas dos aeroportos para orientar os comandantes. Até o software que monitora as linhas é o mesmo das torres de comando aéreo. Da janela do CCO, na estação da Praça 15, a equipe tem a visão dos aviões que cruzam a Baía no sobe e desce da pista do Galeão. “Assim a gente mata um pouco a saudade”, diz o controlador Antônio Vidal.

Tecnologia nova e velhos problemas

Os controladores de voo aterrissaram na Praça 15 com a missão de melhorar a segurança do transporte aquaviário. Antes, o comando em terra das embarcações era precário, feito no cais das estações. Hoje a tecnologia avançou, mas eles ainda enfrentam antigos problemas, como sujeira.

“Essa Baía é um lixo. Tem de tudo boiando aqui, de tronco a bicho morto, e as embarcações estão sempre apresentando defeitos porque o lixo invade o motor”, explica Rogério Matos, um dos controladores mais experientes da equipe.

Há duas semanas, eles viveram uma das situações mais tensas. Veleiro da Escola Naval bateu na lateral da barca Gávea. Pelo rádio, um controlador orientou o comandante a socorrer os cinco tripulantes do barco, que afundou parcialmente.

“Essa equipe usa a razão diante da emoção em qualquer momento de crise”, afirmou Anderson Reis, gerente do CCO.
desástres aéreos

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