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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobrevivente de desastre aéreo nos Andes dará palestra aos parentes de mineiros

Ele viveu situação semelhante à dos chilenos, ao passar fome e frio, há 38 anos

Equipes de resgate trabalham em mina, onde 33 pessoas estão presas

Equipes de resgate trabalham em mina, onde 33 pessoas estão presas (AFP)

Um dos sobreviventes do acidente aéreo dos Andes, em 1972, que tiveram de suportar a fome e o frio na Cordilheira, irá à cidade chilena de Copiapó, na semana que vem. Ele vai dar uma palestra aos familiares dos mineiros presos em uma jazida desde 5 de agosto.

"A ideia é conversar e dar força aos familiares dos mineiros. Imagino que vai ser diferente das palestras que dou habitualmente. Será mais informal, respondendo às perguntas e contando um pouco da nossa história", disse o uruguaio Carlos Páez Rodríguez à AFP.

Páez estava entre os 45 passageiros do avião que caiu em 13 de outubro de 1972, na Cordilheira dos Andes. Doze pessoas morreram devido à queda e os sobreviventes tiveram de suportar a fome e o frio da região. Depois de 72 dias isolados, nos quais se alimentaram de seus companheiros mortos para continuar vivendo, dois dos jovens conseguiram cruzar a pé as montanhas até o Chile e alertar sobre os outros sobreviventes.

Para Páez, que viajará como convidado por uma empresa chilena, "há algo em comum entre o acidente nos Andes e a situação dos mineiros. Mas há também muitas diferenças". Um ponto semelhante é que "é necessário suportar a espera". Já a diferença mais importante é que "os mineiros sabem que o mundo os está procurando, têm contato com a civilização", explicou. "O grande inimigo neste caso é o tédio. Até em uma situação tão trágica você fica entediado. O tempo passa, as horas passam, não tinha absolutamente nada para fazer", lembrou Páez, 38 anos depois do acidente. "Quanto mais puderem manter a mente ocupada, melhor".

Ele destacou, no entanto, que os mineiros "vão receber ajuda do exterior". "Nós lutávamos contra o tempo, buscando uma forma de sair dali, porque o mundo inteiro tinha se esquecido de nós". Páez ressaltou que ainda assim, a situação das famílias chilenas é muito difícil. “Deve ser muito duro para eles, porque não estão certos de que nenhum outro deslizamento vai ocorrer”, disse. "Em quatro meses enterrados, até que o resgate seja feito, tudo pode acontecer".

abril

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