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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Embraer nega falha em queda de avião


A Embraer desmentiu ontem a informação da imprensa oficial chinesa de que a Administração da Aviação Civil da China apontou problemas técnicos no modelo de avião que caiu anteontem, o E-190, durante workshop com empresas aéreas em junho de 2009. Entre os problemas estariam a quebra de hastes da turbina e erros no sistema de controle de voo.

O jato que fazia o voo da Henan Airlines partiu-se e pegou fogo às 21h36 (horário local), no momento em que tentava pousar em meio à forte neblina no aeroporto de Lindu, matando 42 pessoas e deixando 54 feridos.

O representante da Embraer na China, Guan Dong Yuan, disse que a empresa nunca recebeu comunicado oficial sobre supostos defeitos no E-190. Guan ressaltou que as autoridades chinesas ainda estão investigando as causas do acidente e a Embraer colabora com os trabalhos. "O avião recebeu a certificação das autoridades chinesas para voar no país. Se houvesse qualquer dúvida sobre sua segurança, isso não teria ocorrido", disse Guan. Com capacidade para até 120 lugares, o E-190 é o modelo de maior sucesso da Embraer.

A caixa preta do jato foi encontrada ontem e uma equipe de técnicos da empresa brasileira era esperada na China para participar das investigações.

O aeroporto no nordeste da China onde um avião fabricado pela Embraer caiu anteontem foi considerado inseguro para pousos à noite pela maior empresa de aviação chinesa, que há quase um ano suspendeu as aterrissagens noturnas de suas aeronaves no local.

Inaugurado em agosto de 2009, o aeroporto de Lindu é de pequeno porte e está localizado no meio de uma floresta. Logo após o início de sua operação, a China Southern Airlines anunciou a suspensão do pouso noturno de seus aviões no local, medida que entrou em vigor em 1.º de setembro de 2009, por razões de segurança. A mesma empresa também vetou aterrissagens diurnas sob chuva.

Esse foi o primeiro grande acidente aéreo da China em quase seis anos e levou à demissão do gerente-geral da Henan Airlines, Li Qiang. Lindu é um dos inúmeros aeroportos construídos nos últimos anos para atender ao crescente tráfego aéreo do país, que passou de 87,6 milhões de passageiros em 2003 para 193 milhões em 2005.

Relatos. Sobreviventes do acidente disseram ontem que o avião passou por uma forte turbulência momentos antes de se chocar com o solo. "Depois que nós paramos, as pessoas que estavam atrás entraram em pânico e correram para frente. Nós estávamos tentando abrir as portas de emergência, mas não conseguimos. Aí a fumaça começou a se espalhar. Em minutos, nós não conseguíamos mais respirar", relatou um passageiro não identificado em entrevista à rede de televisão estatal CCTV.

Segundo ele, alguns dos passageiros conseguiram escapar por um buraco aberto na fuselagem perto das primeiras filas do avião. Outro sobrevivente relatou que via fogo e fumaça fora do avião e conseguiu sair por uma fenda aberta na parte de trás. Ainda não está claro se a aeronave se partiu antes ou depois de tocar o solo.

O garoto Ji Yifan, de 8 anos, contou que foi agarrado por outro passageiro e arrastado para a saída de emergência. Enquanto ele escorregava pela rampa, ela se incendiava. "Eu cai no chão e de novo alguém me tirou dali", contou de sua cama no hospital.

PARA LEMBRAR

Além do acidente na China, há apenas o registro de um Embraer 170 que saiu da pista no pouso sob a neve em Cleveland, nos EUA, em fevereiro de 2007, e de um Embraer 190 que saiu da pista após o pouso em Santa Maria, na Colômbia, em julho do mesmo ano. Nenhum deles deixou vítimas. A Flight Safety registra dez acidentes com aeronaves da família anterior de jatos da Embraer, ERJ-135/140/145, entre 1998 e 2010, todos episódios sem vítimas. Segundo a empresa brasileira, há 885 aviões dessa família em operação no mundo.

estadão

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