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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CÉU DE BRIGADEIRO FICA NUBLADO COM A CRISE FINANCEIRA

Frederico Curado(Embraer) e Luis Carlos Affonso(Embraer)


Embraer não vê 2010 com bons olhos
Apesar dos desafios e dificuldades, termina 2009 "sólida e com caixa equilibrado"


Com a demanda por aviões enfraquecida desde o início da crise financeira, o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, fez previsão pessimista para o ano que vem. Segundo ele, 2010 deverá ser um ano tão difícil como 2009 ou ainda pior para as fabricantes de aviões, com previsão de queda de receita, uma vez que o mercado continua deprimido, as empresas continuam perdendo dinheiro e os sinais de recuperação no exterior são "relativamente frágeis".

Curado manteve a previsão de queda de 10% na receita líquida do ano que vem em relação a receita deste ano, estimada em US$ 5,5 bilhões, conforme já havia afirmando ao divulgar o balanço do terceiro trimestre, em outubro.

Mas afirmou que, apesar de ainda não ter fechado seu orçamento para 2010, a Embraer prevê manter os investimentos equivalentes aos de 2009, da ordem de US$ 350 milhões, entre capex (do inglês "capital expenditure") e pesquisa e desenvolvimento. A empresa deve manter a representatividade dos aviões comerciais em torno de 60% de sua receita, sendo que a aviação executiva deve ficar entre 15% e 20%, enquanto defesa e serviços devem completar sua receita.

O executivo disse que não espera uma nova onda de cancelamentos em 2010, ano em que o excesso de estoques deve ser absorvido, embora novas vendas e contratos devam ocorrer somente em 2011. "Se acontecer antes, excelente, estamos preparados para agir rapidamente", destacou, frisando que sua visão não é "pessimista", e sim "conservadora".

Jatos executivos

A opinião "conservadora" de Curado foi compartilhada pelo vice-presidente de Aviação Executiva da Embraer, Luis Carlos Affonso, ao falar sobre o mercado mundial de jatos executivos. Em sua opinião, o setor continuará com dificuldades no próximo ano, movimentando apenas US$ 15 bilhões em 2009, quase metade dos US$ 28 bilhões movimentados em 2008.

"O mercado mundial será ainda menor que 2009", sentenciou o executivo. A estabilização, conforme Affonso, deverá chegar apenas em 2011, com o retorno das vendas, mas as vendas melhorarão a partir de 2012. Ainda de acordo com o vice-presidente, o " desafio nos próximos anos será conquistar market share com a introdução de novos produtos".

Entregas

Em vez dos 110 Phenom que a Embraer esperava entregar neste ano, a fabricante de aeronaves deve repassar 100 destes jatos executivos a seus clientes. Contudo, segundo Luis Carlos Affonso, a expectativa de entregar 18 jatos Legacy e Lineage no lugar das 17 unidades estimadas anteriormente, deve levar a receita líquida da Embraer a ficar "bem perto do guidance" para 2009, de US$ 5,5 bilhões, considerando todas as classes de aeronaves que fabrica.

Com a entrega de uma centena do Phenom 100 em 2009, o backlog desses modelos executivos que vale até 2013 deve ficar em 700 unidades, dos quais um terço se refere ao Phenom 300, que acabou de ser homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, nas próximas semanas, deve receber a certificação do órgão norte-americano (FAA). Vale lembrar que a carteira de pedidos firmes destes jatos chegou a 800 unidades. "Alguns clientes seguem postergando ou cancelando entregas, mas a um ritmo bem menor", afirmou o executivo.

Segundo Affonso, a entrega de menos Phenom 100, cujo preço gira em torno de US$ 3,5 milhões, deve-se à dificuldade de alguns frotistas internacionais de conseguirem crédito. "Mas considerando o cenário desafiador para a aviação, especialmente a executiva, entregar 100 unidades no primeiro ano de produção do Phenom é muito bom", afirmou.

Para 2010, Affonso acredita que as entregas de aviões executivos da Embraer possam até superar as de 2009, em virtude da introdução do Phenom 300, cuja produção começará para valor no começo do ano, e do Legacy 650, que deve ficar pronto no terceiro trimestre de 2010.

Financiamento

Cerca de 60% das entregas de aviões comerciais da Embraer em 2010 devem ser financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), percentual bem maior que os 30% a 35% das entregas de aeronaves comerciais que em 2009 receberão recursos dessas duas instituições de fomento. O financiamento ocorrerá tanto pela redução das entregas de novos aviões do gênero, como por aumento nos desembolsos do banco de fomento.

Curado negocia com o BNDES linhas para ajudar seus clientes a comprarem aviões. "Tenho confiança de que não teremos surpresas negativas nas entregas por falta de crédito, seja via BNDES ou no mercado externo", disse, destacando que a Embraer não pretende usar seu caixa para financiar clientes. Com o incentivo do BNDES, que até abriu uma linha em reais para financiar a compra de jatos da Embraer, a participação de compradores nacionais na composição da receita da companhia atingiu o recorde de 10% em 2009.

Antes, a fatia do mercado brasileiro oscilava de 3% a, no máximo, 6%. Companhias aéreas como Azul e Trip foram as principais clientes de aviação comercial da Embraer no Brasil em 2009, e o ano também foi bom para a fabricante na área de Defesa. A proporção de empréstimo público sobre as entregas de aeronaves comerciais está ligada, principalmente, às vendas menores previstas para 2010.

Boa parte da queda prevista de 10% da receita líquida da Embraer no ano que vem, deve ocorrer no mercado de aviação comercial. Em 2009, segundo Curado, foram vendidos 18 aviões comerciais, mas houve o cancelamento das entregas de 32 unidades. Em seu balanço sobre 2009, o presidente da Embraer observou que, apesar dos desafios e dificuldades que este ano reservou à aviação, a fabricante termina o período "sólida e com caixa equilibrado".

Empregos

Curado também garantiu que a redução de custos não passará pela área de pessoal ou pelos investimentos, que devem ser mantidos em US$ 350 milhões no próximo calendário. No começo de 2009, a Embraer demitiu 4,2 mil trabalhadores - o maior corte de pessoal realizado por uma empresa brasileira durante a crise.

Mas desde o grande corte de pessoal, a empresa também perdeu outros 150 a 180 funcionários (entre demitidos, aposentados ou vagas de empregados que saíram da empresa). Em novembro, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos alegou que a fabricante teria dispensado outros 600 metalúrgicos de sua fábrica no interior paulista, o que não foi confirmado. Atualmente, de acordo com o dirigente da Embraer, a fabricante emprega 19 mil pessoas, incluindo os funcionários de suas subsidiárias.
Monitor Mercantil

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