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segunda-feira, 5 de abril de 2010
Mudança climática causa mais turbulência nos voos
A sensação vai desde um leve friozinho no estômago até o mais terrível desespero diante da iminência de uma queda. Os passageiros não passam ilesos por uma turbulência em voo mas, por culpa do aquecimento global, devem começar a se acostumar com a frequência cada vez maior com que elas vêm acontecendo, como a que deixou 20 feridos no dia 25 de maio de 2009 em um voo da TAM procedente de Miami meia hora antes de pousar em Guarulhos.
A conclusão é de especialistas das áreas de meteorologia, aviação civil e engenharia aeronáutica. “O aquecimento global dá origem a um número maior de fenômenos atmosféricos extremos, dentre eles os que são responsáveis pela turbulência aeronáutica”, diz o professor Rubens Villela, meteorologista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).
Ele é o autor de um artigo publicado no ano passado pela revista Aero Magazine em que questiona qual tem sido a causa da recorrência do aumento de turbulências. “Seria mais um sinal da comprovada mudança climática global?” Villela cita sete ocorrências de repercussão mundial só em 2009, sem contar o acidente do voo 447, da Air France, que matou 228 pessoas.
Desde que o homem começou a voar, as turbulências já se apresentavam como obstáculos. Elas ocorrem por causa das mudanças de velocidade e direção do ar. A movimentação é semelhante à agitação da superfície do mar, mas não se pode vê-la.
Existem duas principais causas para a turbulência em voo: a passagem das aeronaves por rotas próximas de cúmulos-nimbos, que são enormes nuvens de tempestade, ou o encontro de uma corrente de jato (ou jet stream), fluxos de ar fortes e estreitos.
Nos dois casos, o aquecimento global - que é o aumento da temperatura média do ar perto da superfície terrestre - atua como potencializador. Ele provoca um desequilíbrio maior entre a temperatura na superfície e nas camadas mais elevadas da atmosfera, estimulando a formação de cúmulos-nimbos, além de aumentar o contraste entre a temperatura dos polos e dos trópicos, intensificando as correntes de ar.
Apesar de ser um assunto recorrente entre pilotos e especialistas da área, ainda não existem estudos que comprovem esse fenômeno. “Ainda é difícil determinar com que intensidade e em que lugares isso ocorre”, afirma o engenheiro aeronáutico James Waterhouse, professor da USP de São Carlos. “Trata-se de uma conclusão qualitativa e não quantitativa.” O meteorologista da Climatempo Marcelo Pinheiro concorda e reforça que ainda é preciso mais estudos sobre a influência do clima no aumento das turbulências. “Não dá para confirmar a teoria porque precisa-se pesquisar o assunto.”
Jornal da Tarde.
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