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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Louco ou visionário?

Quebrar paradigmas em um negócio expõe empreendedores ao ridículo. Mas o tempo pode dar razão a eles ..

Boa parte da tarefa de profissionais de marketing está em sofisticar um produto ou serviço, tratando-o como algo além da mera utilidade. Exemplos: carros são vendidos como uma representação da liberdade e da personalidade de cada um; roupas, como expressão do gosto pessoal e do jeito de ser do usuário; e celular, uma fonte de segurança e mobilidade.

Ryanair310xNum cenário assim, parece não haver espaço para um negócio que se venda como aquilo que ele é: transporte de um lugar ao outro, proteção contra o frio ou comunicação rápida, simplesmente.

Não é o que pensa Michael O'Leary (foto), CEO da Ryanair, companhia aérea de baixo custo com sede na Irlanda. Para ele, viajar de avião é só uma forma de ir do ponto A ao ponto B. E pronto.

Por isso, O'Leary é a favor de eliminar tudo o que é "inútil" em um vôo: o co-piloto, o despacho de bagagens e, claro, as refeições a bordo. Seu objetivo é atrair passageiros com bilhetes baratos e, depois, cobrar por serviços extras ou por vendas de produtos e serviços durante os vôos.

Nessa sua cruzada, O'Leary levanta bandeiras polêmicas, como a da eliminação do co-piloto - que, em vôos curtos, ele considera desnecessário, podendo ser substituído por uma aeromoça treinada para emergências.

Outra de suas proposições: eliminação de dois dos três banheiros das aeronaves, permitindo que, assim, mais passageiros sejam acomodados nos aviões, diminuindo o preço do tíquete. Ah, sim: o uso do banheiro remanescente seria cobrado.

E a mais controversa das suas ideias: o transporte de passageiros em pé. As 10 últimas fileiras de poltronas seriam trocadas por 15 encostos verticais (e cintos prenderiam o passageiro pelos ombros, como as alças de uma mochila).

A justificativa, claro, está nos custos absurdamente altos para tirar um avião do chão. Custos esses que volta e meia põem as companhias aéreas em crise, obrigam-nas a fusões com rivais, levam ao fechamento de suas portas ou, simplesmente, a fazem continuar operando com prejuízo. Como O'Leary disse ao The Wall Street Journal, "se você não aborda as viagens aéreas de um ponto de vista radical, então você tem a mesma mentalidade de todos os outros imbecis nesse setor".

A radicalidade de O'Leary gera reações que vão da raiva à galhofa, mas deveria ser tratada com algum respeito. Primeiro, porque muitos negócios de sucesso começam justamente assim, com idéias inusitadas, desafiadoras do status quo. Não raro são tratadas como piada para, mais adiante, já quando tornadas sucesso, virarem alvo do famoso "mas como é que ninguém pensou nisso antes?".

Segundo, porque o CEO da Ryanair propõe mudanças severas em um setor cuja forma de funcionamento, até agora, não deu mostras de ser a melhor economicamente.

Quando foi criada a primeira aérea de baixo custo, a Southwest Airlines, nos EUA, em meados da década de 1960, as reações também foram de estranhamento. Até hoje, no entanto, a Southwest é única companhia aérea americana que nunca deu prejuízo e o modelo de baixo custo/baixa tarifa é visto como o mais racional para o negócio.

Talvez as propostas de O'Leary sejam vistas como uma obviedade ululante daqui a alguns anos. E acabe se dando razão a ele, que diz que "o processo físico de ir do ponto A ao ponto B não deveria ser prazeroso nem enriquecedor. Deveria ser rápido, eficiente, acessível e seguro".
amanhã

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