| A inoperância do governo  e o terrorismo sindical ressuscitam | PRESENTE DE                      NATAL | 
               Há                três anos, o apagão aéreo paralisou os aeroportos na véspera                  do fim do ano. Voos cancelados e atrasos de até trinta horas transformaram                  os aeroportos numa sucursal do inferno. Agora, com a chegada das festas e das                  férias, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)                  está tomando uma série de providências para evitar que o vexame                  se repita. A principal delas foi estabelecer um teto de operações                  de pouso e decolagem por hora no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.                  A redução de 10% na movimentação do maior aeroporto                  do país numa época em que a demanda cresce até 30% é                uma tentativa desesperada do governo de evitar um novo apagão aéreo.                  Mas a medida talvez não seja suficiente. Funcionários das companhias                  aéreas, incluindo os pilotos e comissários, planejam entrar em greve                  nos dias 23 e 24 de dezembro caso não recebam aumento salarial. Se a greve                  for mesmo deflagrada, como ameaçam os aeronautas, o caos poderá                voltar a se instaurar nos aeroportos brasileiros. 
Um apagão aéreo, assim como uma tragédia no ar, nunca ocorre por causa de um fator isolado. No Brasil, a falta de investimentos vem transformando a infraestrutura precária dos aeroportos em parceira fixa do acaso. Há atualmente cinco obras em aeroportos previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Elas totalizam 2,5 bilhões de reais, mas apenas 20% foram de fato investidos até agora. O Aeroporto de Guarulhos, por exemplo, deveria receber investimentos de 1,4 bilhão até o fim do ano que vem. Mas, no ritmo atual, a reforma só estará concluída em 2023. "Há uma total falta de compromisso com a infraestrutura aeroportuária. Numa situação-limite, como a que vivemos, qualquer problema menor pode desencadear um efeito cascata", diz o engenheiro Érico Santana, especialista em planejamento e operação de aeroportos.
Situação-limite,                  no caso, não é força de expressão. Uma pesquisa recente                  do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas mostrou que dez dos quinze aeroportos                  que receberão voos para a Copa do Mundo de 2014 já enfrentam dificuldades                  para estacionar aeronaves. Prova de que muito pouco foi feito é que praticamente                  todos os problemas identificados pela CPI do Apagão, em 2006, permanecem    à espera de solução. A privatização dos terminais,                  medida adotada por países como Chile, México e Inglaterra, esbarra                  em resistências ideológicas do governo. Além do risco de um                  novo apagão, as deficiências estruturais impedem o aumento da oferta                  de assentos – o que significa passagens mais caras. A estratégia de                  impor um teto para operações de pouso e decolagem em Guarulhos deve                  ser expandida para outras cidades, como Brasília e Campinas, já                no ano que vem. Enquanto a principal atitude do governo for impor limites ao crescimento                do setor, em vez de viabilizá-lo, os brasileiros terão de conviver                  com o risco do apagão sempre que o fim do ano se aproxima.
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