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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Descendo do pedestal



Demorou, mas, finalmente, os controladores da Gol chegaram à conclusão de que avião não é caminhão. Depois de protagonizar uma nova versão do caos nos aeroportos brasileiros, a empresa – fundada por um ex-caminhoneiro, Nenê Constantino, o presidente da empresa aérea –, na figura de Constantino de Oliveira Jr., resolveu descer do pedestal para pedir desculpas aos clientes pelo desrespeito que a companhia demonstrou a partir do cancelamento dos 300 voos no fim de julho e começo de agosto. O executivo fez o que devia mesmo: “Não queremos tapar o sol com a peneira. Nós pedimos desculpas à sociedade e aos clientes. Em momento algum deixamos de ter a segurança de voo como valor principal”.

Considerando-se que o patriarca da Gol é um inimigo visceral e histórico de Wagner Canhedo, uma vez que é concorrente deste no transporte de passageiros de ônibus, Nenê Constantino, quando o desafeto passou a comandar a Vasp, depois da privatização da empresa, aguardou que Canhedo entrasse em turbulência para lançar a Gol, na certeza de que absorveria os passageiros de seu competidor. Com a Vasp saindo do mercado, a Gol foi ampliando seu espaço, até comprar o que restava da Varig. O objetivo estava muito além: tornar-se a maior companhia aérea da América Latina.

Com o surgimento de novas empresas do ramo e o crescimento da concorrência, que tem tudo para aumentar na mesma proporção da demanda, os controladores da Gol perceberam que tinham de reavaliar sua estratégia mercadológica, tendo como ponto de partida o pedido de desculpas ao país, que parecia muito difícil de ser manifestado. A empresa também deve rever alguns conceitos gerenciais que seus controladores simplesmente ignoravam.

Depois das escusas públicas pelos problemas operacionais no fim das férias de julho, Constantino Jr. tratou de esclarecer que o cancelamento dos 300 voos não causou impacto financeiro para a empresa. Segundo ele, os problemas pontuais não tiveram uma relevância material diante do tamanho das operações da companhia, pois, conforme ressaltou, a empresa tem, em média, nada menos do que 860 voos por dia. Logo em seguida, ele procurou exemplificar a causa do caos nos aeroportos: o aumento de voos fretados, o que levou os profissionais da companhia a atingir o limite máximo de horas trabalhadas permitido por lei, fazendo a empresa cancelar vôos no final de julho.

É óbvio que a culpa foi da empresa, tanto que seu principal executivo pediu desculpas à sociedade e aos seus clientes. Os números devem ter acionado o painel de alarme da Gol, a partir do prejuízo registrado no último trimestre (de R$ 51,9 milhões), considerando-se que o lucro no segundo trimestre de 2009 havia sido de R$ 353,9 milhões. Isso significa muito, o que justifica o pedido de desculpas. O executivo da empresa aérea também ressaltou que a empresa investiu no segundo trimestre R$ 169 milhões, valor menor em relação aos R$ 201 milhões do mesmo período. Ele concluiu, no entanto, que o impacto não irá alterar a fatia de mercado da Gol.

Constantino Jr. está convicto de que o impacto negativo não irá alterar a fatia de mercado da companhia, porque os problemas pontuais já estão sob controle. E insistiu em colocar as sandálias da humildade: “Queria fazer um ‘mea culpa’ e pedir desculpas. Para recuperar a imagem, estamos com todos os esforços voltados em dar mais segurança aos nossos clientes e colaboradores. Erramos na implantação da solução e estamos trabalhando para não acontecer novamente. Garantimos que [isso] não vai mais acontecer”.

Mas é bom lembrar que avião não é caminhão.

brasília em dia

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