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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Gol garante que está pronta para enfrentar uma greve de funcionários

Anac recomenda atenção a usuários

Apesar de um possível recuo na proposta de greve a partir da próxima sexta-feira, 13, diante da clara divisão entre os aeronautas e aeroviários, em represália às más condições de trabalho da Gol, o presidente da companhia, Constantino de Oliveira Júnior, garantiu que já tem em mãos um plano de emergência para enfrentar eventuais problemas.

Indagado pelo Correio sobre os transtornos de uma paralisação de seus funcionários — uma assembleia está marcada para depois de amanhã — ele disse não acreditar na interrupção dos serviços. “Mas estamos preparados caso ela ocorra”, afirmou, em teleconferência com analistas de mercado. “Temos um plano de emergência pronto e poderemos usá-lo como fizemos na crise da última semana, quando tivemos problemas com o sistema de escala dos tripulantes. Graças a esse plano, conseguimos recuperar a normalidade das operações rapidamente.”

Se prevalecerem as regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Gol terá que detalhar seu plano de contingência antecipadamente no caso de uma possibilidade real de greve de funcionários. Como as assembleias estão previstas para começar entre 11h e 13h em vários aeroportos do país, é provável que alguns atrasos ocorram no meio da sexta-feira. Para evitar transtornos maiores, a recomendação é seguir à risca as dicas do órgão regulador. É recomendável ainda chegar aos balcões de embarque pelo menos uma hora antes do recomendado no bilhete de viagem a fim de evitar as filas no check-in. É mais provável que os funcionários de terra parem em vez de pilotos e comissários de bordo.

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Assédio moral

O Procon de São Paulo confirmou, na tarde de ontem, o recebimento das explicações da Gol sobre a notificação feita pelo órgão na semana passada, quando mais de 40 mil pessoas enfrentaram atrasos ou tiveram seus voos cancelados sem nenhuma explicação, problemas que repercutiram em todas as companhias. Caso, porém, o órgão de defesa do consumidor não fique satisfeito com as respostas, a multa à companhia aérea poderá ser de até R$ 3,2 milhões.

Anteontem, o Ministério Público do Trabalho havia realizado uma audiência entre representantes da Gol e dos funcionários, mas as conversas não avançaram. O jeito foi marcar uma nova reunião para o próximo dia 20, na qual serão apresentadas as documentações de ambas as partes referentes às acusações de que a aérea vem desrespeitando sistematicamente as leis trabalhistas.

É com base nesse impasse que o Sindicato Nacional dos Aeroviários pretende tirar, da assembleia de sexta-feira, uma declaração de estado de greve ou de greve imediata. “A reunião com o MP foi produtiva, muitos funcionários apresentaram denúncias de sobrecarga nas escalas de trabalho e de assédio moral”, disse a presidente da entidade, Selma Balbino. As assembleias ocorrerão nos aeroportos em que o sindicato tem representação em dois horários: das 11h às 13h e às 23h.

Já o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Gelson Fochesato, afirmou que não haverá paralisação na sexta-feira. “A empresa está disposta a negociar e vamos esperar o resultado da próxima audiência para, então, decidirmos se haverá ou não greve. Mas é possível chegarmos a um acordo pelas vias normais de negociação. Vamos discutir nossa estratégia para a próxima audiência durante a assembleia, às 13h, em São Paulo e no Rio”, completou.

Reclamações

Desde que iniciou as operações em 23 de julho, o Juizado Especial do Aeroporto de Brasília, registra movimento crescente de reclamações contra as aéreas. Até a tarde de ontem, foram 476 atendimentos. O pico ocorreu no dia 2, quando foram computadas 47 reclamações por causa dos atrasos da Gol, que, junto com a TAM, lidera a lista de queixas.

Na opinião de Selma Balbino, os problemas na aviação são estruturais. “Mais de 90% dos atrasos da Gol são por causa da falta de pessoa, sem falar que a terceirização do handling (transporte das bagagens entre o aeroporto e o avião) é prejudicial para os funcionários e clientes que perdem suas malas”, complementou.

Uma das vítimas dessas empresas de handling foi o engenheiro Pedro César Martins, 38 anos. Ele desembarcou anteontem em Brasília de um voo da Gol e não percebeu que o lacre de plástico colocado pela empresa em uma bolsa que foi obrigado a despachar estava rompido e suas roupas e itens pessoais, revirados. “Me senti invadido ao ver minha mala mexida. Levaram um relógio de R$ 780 e dois vidros de perfume importado. A Gol não se responsabiliza porque não é ela quem manuseia as bagagens”, disse. Como não houve acordo com a companhia, já que ele só fez a reclamação um dia depois do ocorrido, o Juizado Especial marcou uma audiência para o próximo dia 31.

Pequenas crescem

As companhias aéreas de menor porte ampliaram a participação no mercado doméstico, que registrou aumento de 18,51% em julho, conforme a Anac. O pedaço do bolo pertencente a Azul, WebJet, Avianca, Trip e Passaredo cresceu de 14%, em julho de 2009, para 18% no mês passado. A líder TAM viu sua fatia encolher de 43,15% para 43% enquanto a Gol/Varig ficou com 38,15% do mercado, abaixo dos 42,88% registrados em julho de 2009. As participações da Azul e da Webjet passaram de 5,43% e 5,24% para 6,31% e 6,03%, respectivamente.

Pedido de desculpas

Quase duas semanas depois de a Gol infernizar a vida de milhares de clientes, o presidente empresa, Constantino Oliveira Júnior, finalmente se pronunciou para se desculpar pelos transtornos. “Gostaria de pedir desculpas pelo ocorrido. Foi um erro. Mas não podíamos adiar a troca do sistema de escala de funcionários, que não estava mais compatível com o tamanho da empresa e não suportaria o crescimento previsto para os próximos meses. Se não fizéssemos, no fim do ano seria pior ”, disse. Segundo ele, a Gol ainda não recebeu a notificação da multa de R$ 2 milhões da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) referente aos atrasos e aos cancelamentos dos voos ocorridos na semana passada.

As desculpas vieram junto com o anúncio de que a Gol registrou prejuízo de R$ 51, 9 milhões no segundo trimestre do ano frente ao lucro de R$ 353,7 milhões de igual período de 2009. Mas, segundo Constantino, as perdas foram contábeis, uma vez que a operação da companhia continua rentável: as receitas cresceram 14,1% de abril a junho, para R$ 1,59 bilhão, enquanto o aproveitamento dos voos teve alta de um ponto percentual, para 61,1%, permanecendo acima do ponto de equilíbrio, de 58,9%, mas abaixo da média da indústria, de 63,2%. O lucro operacional do trimestre avançou 36,3% na comparação anual, para R$ 57,3 milhões, e a margem de ganho ficou em 3,6%, 2,9 pontos abaixo de 2009.

As perdas do trimestre foram decorrentes da contabilização da devolução de quatro jatos Boeing 737, que serão revertidas nos próximos meses graças ao aumento do caixa da companhia e a reativação de quatro aviões

Boeing 767, herdados da Varig e que estavam em manutenção. Até o fim do ano, a Gol pretende devolver mais três 737 e adquirir cinco novos jatos do mesmo modelo, chegando a uma frota de 111 aviões em operação. “Estamos reduzindo a frota parada desde o início do ano e diminuindo a alavancagem (endividamento) que hoje está em 5,5% do patrimônio. A nossa meta é chegar a 4,5%”, disse o vice-presidente financeiro da companhia, Leonardo Pereira.

Aeroclube virtual/Folha de São Paulo

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