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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Moradora do aeroporto recusa assistência médica



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Dois lados: na versão de Terezinha de Jesus, ela mora no aeroporto há 11 meses, já viveu na Espanha, foi casada com um holandês e tem uma filha em Amsterdã (Foto: Alex Costa)

Polícia Federal diz que dados repassados por Terezinha de Jesus foram checados junto à Interpol, mas não se confirmam

O protagonista do filme “O Terminal”, Viktor Navorski, que morava num aeroporto dos Estados Unidos, teve um final feliz, mas a história de Terezinha de Jesus Oliveira Pereira, que, segundo a própria, mora no Aeroporto Internacional Pinto Martins há 11 meses, parece ainda estar longe de um desfecho. O caso dela foi contado no último sábado pelo jornal Diário do Nordeste.

De acordo com a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), nada pode ser feito pelo órgão em relação a Terezinha. A justificativa dada, através da assessoria de imprensa, é que o Pinto Martins é um espaço público e a mulher não está interferindo na ordem do local. Ela estaria sendo apenas monitorada pela administração para evitar qualquer possível inconveniente.

O delegado da Polícia Federal (PF), Thomas Wlassak, do setor de Imigração, afirmou que todas as informações repassadas por Terezinha foram checadas junto à Interpol. A investigação dos dados durou seis meses e nenhum foi confirmado. “Ela diz já ter morado na Espanha, ser casada com um holandês e ter uma filha que vive com a avó em Amsterdã. Nada disso parece ser verdade”, declarou o delegado. “Os negócios que ela diz ter na Holanda e no Brasil, nada bate”.

Wlassak contou ainda que a PF já tentou ajudar Terezinha, mas ela se recusa e se mostra arredia quando perguntada sobre amigos ou familiares. “Até a segunda via da identidade dela fomos nós que providenciamos. Ela estava sem qualquer documento”, contou.

Para o delegado, são claros os sinais de distúrbio mental. Ele garantiu que não há mais nada a ser feito e que Terezinha não pode ser expulsa do Aeroporto, já que não está causando transtornos ali. “Apenas fomos buscar a confirmação das informações passadas por ela, mas nenhuma se confirmou”.

De acordo com o psiquiatra Marcelo Brandt, da Saúde Mental do Município, Terezinha já foi diagnosticada com problemas mentais. Ela morava em Sobral com parentes, mas fugiu para Fortaleza. Meses depois, foi reconhecida na rua por um familiar, que a levou para casa e solicitou a intervenção da Secretaria de Saúde do Município (SMS).

“Estivemos lá, examinamos e iniciamos o tratamento, mas ela se recusava a aceitar e fugiu de novo”, disse. “Isso foi há cerca de 11 meses, mesmo tempo que ela diz estar morando no aeroporto”.

Uma equipe da SMS esteve ontem à tarde no Pinto Martins procurando Terezinha, mas ela não foi encontrada no local. Segundo a enfermeira Carmem Sílvia Camelo, novas tentativas serão feitas. “Nosso objetivo é fazer uma breve internação e em seguida tentar fazer com que ela volte para os familiares”, ressaltou ela.

DIREITOS HUMANOS
OAB diz que vai acompanhar caso

Para o advogado Carlos Henrique da Costa Lima, membro da Comissão de Direitos Humanos, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Secretaria de Saúde do Município só interveio no caso de Terezinha por conta da divulgação do caso pela imprensa. “A mulher diz que está lá há 11 meses. Será que ninguém havia tomado conhecimento da situação dela?”, questionou.

Carlos Henrique, que também soube do fato através do Diário do Nordeste, afirma ainda que o descaso é comum e que as políticas públicas na área da saúde mental, em Fortaleza, ainda são pouco abrangentes. “É preciso repensar essas ações, principalmente no que diz respeito às pessoas em situação de rua”, avalia ele.

O advogado chamou atenção também para a importância da família nesses casos. Ele diz que os parentes são os primeiros a abandonar os pacientes com problemas mentais, “mas eles têm papel essencial no tratamento”. “Tão importante quanto tratar, nesses casos, é procurar a família e buscar a reintegração destas pessoas”, acrescentou. “A OAB pretende acompanhar de perto este caso”, afirmou.

A coordenadora de Saúde Mental da SMS, Rane Félix, garante que a população em situação de rua é prioridade, mas alguns casos, como o de Terezinha, são “complicados”. “O aeroporto é um espaço público, mas ela não está na rua. Além disso, não causa problemas ali e nem está em surto”, explicou. “Existe um limite de até onde podemos interferir. Precisamos respeitar a individualidade das pessoas”.
DIÁRIO DO NORDESTE

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