
Guia ensina como passar a noite com  razoável conforto e segurança e avalia os saguões do mundo todo
Quem já precisou passar a noite num aeroporto sabe como a  situação é incômoda, constrangedora e até perigosa. Mas o que parece  traumatizante para muitos faz parte do roteiro de férias de alguns. Há  os que programam “estadias” no local para economizar com diárias de  hotéis e se tornam dormidores profissionais. Eles têm até uma comunidade  na internet para auxiliá-los. Por meio dela trocam impressões sobre  aeroportos de todo o mundo, dando recomendações de segurança e dicas de  como ter uma noite tranquila. E não se trata apenas de aventura de  mochileiro – qualquer viajante com orçamento apertado pode ter de se  render a esse dormitório improvisado em alguma ocasião.
O  ponto de encontro da tribo é o site The Guide Sleeping in Airports  (Guia para Dormir em Aeroportos), que recebe 72 mil visitas por mês e  tem cerca de seis mil comentários a respeito de aeroportos em todos os  continentes. O de Guarulhos (São Paulo), por exemplo, é considerado  entediante (estabelecimentos fechados à noite), desconfortável  (poltronas sem braços inclináveis) e barulhento (sempre lotado). Apesar  disso, um dos colaboradores conclui que a experiência foi proveitosa, já  que ainda ganhou um pedaço de pizza de um pessoal que achou que ele  fosse um mendigo. No Rio de Janeiro, o Antonio Carlos Jobim/Galeão  recebeu nota boa – limpo, com funcionários prestativos e a vantagem de  ter uma lanchonete 24 horas.
Durante o ano que passou estudando em  Londres, a produtora de eventos Fernanda Wares, 27 anos, conheceu 11  países. Os voos com horário cedo, mais baratos, a obrigaram a dormir  duas vezes no aeroporto londrino de Stansted. Na primeira vez, ela  dormiu em assento comum. Depois, mais escaldada, levou cobertor e  protetores de ouvido e se espalhou confortavelmente no chão, fazendo a  mochila de travesseiro. “Durante a noite só pensava em trabalhar muito  para comprar passagens em horários mais decentes”, lembra. O psicólogo  catarinense Cristian Stassun, 26 anos, rodou por diversos países da  Europa no ano passado e recorda com carinho das vezes em que teve de  bancar o sem-teto. “Em Genebra (Suíça), dormi no chão sobre um papelão e  só acordei com a enceradeira no meu ouvido.” A comunidade criada há 14  anos pela agente de viagens canadense Donna McSherry também dá dicas de  como se comportar. Bancar o inocente, como se você estivesse ali porque  não tem para onde ir, é importante. Para não perder o voo, o conselho é  colocar um bilhete por perto avisando a hora em que precisa ser  acordado. Além de carregar um kit sobrevivência, composto por saco de  dormir, água e lanches. E, se mesmo assim a noite for um pesadelo, a  recomendação é manter o bom humor, fazer amizades e explorar o sem-teto  que existe dentro de você.
direto da pista
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