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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tripulação do avião angolano já está sendo interrogada


Até às 17 horas de ontem, eram quinze as denúncias registadas pela PSP relativamente a danos causados pela queda de peças de avião que teve lugar em Almada, na segunda-feira de manhã. A PSP tem estado a recolher os pedaços metálicos do motor, que ficarão apreendidos até que o GPIAA (Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves) os solicite para análise, no âmbito da investigação que já está a decorrer e permitirá apurar as causas da desagregação das peças.

O GPIAA já começou a recolher os testemunhos da tripulação e está neste momento a aguardar a chegada dos membros estrangeiros da comissão de investigação, que deverá estar completa até quinta-feira.

Assim que a comissão estiver reunida, começarão a ser analisados os fragmentos recolhidos, para averiguar a relação com o Boeing 777 da TAAG - Linhas Aéreas de Angola, e o motor será recolhido para análise. "Ao que parece, é o motor que está estragado, pelo que a aeronave não deverá ficar retida muito tempo", explica Fernando Reis, director da GPIAA.

"Os aviões foram feitos para andar no ar, e é um prejuízo enorme ter um parado", pelo que o avião será libertado logo que possível. Para já, continuará retido no Aeroporto da Portela.

O director do GPIAA não consegue adiantar qual o número exacto de investigadores que estarão envolvidos na operação, mas fala em "poucas dezenas". Fernando Reis já nomeou os quatro representantes portugueses, o responsável pela investigação e três peritos. De Angola chegarão os representantes do Estado de registo da aeronave, que é também o país de origem do operador, e dos Estados Unidos da América os representantes do Estado onde o avião foi desenhado e fabricado.


Foto do avião que perdeu peças sobre Almada(foto João Toste)

Cabe assim ao Estado português realizar a investigação. "A recolha dos fragmentos tem sido feita pela PSP, uma vez que estão na via pública e o incidente envolveu danos a terceiros de que é preciso fazer queixa", esclarece Fernando Reis. O que significa que os fragmentos estarão envolvidos em dois processos: a investigação aeronáutica e a investigação do Ministério Público, para ressarcimento dos danos.

A Comissão vai analisar também a informação proveniente da operadora, as suas comunicações e o relatório da peritagem às gravações da caixa negra do avião, feito por um laboratório estrangeiro. Um processo que poderá levar vários meses, "mas à partida não será muito complexo", acredita Fernando Reis.

O relatório preliminar da comissão de investigação deverá estar pronto dentro de um mês e dará conta de factos, essencialmente. Para já ainda não se sabe qual foi a causa do incidente.

Serão tidos em conta factores materiais, nomeadamente o estado do motor, ambientais, relacionados com a possível existência de pássaros, chuva ou granizo, e humanos, que têm que ver com os testemunhos de pilotos, mecânicos ou outros técnicos. Quem o resume é o vice-presidente da APPLA (Associação Portuguesa de Pilotos de Linha Aérea) José Cruz dos Santos, que classifica o fenómeno de ontem como "extraordinário".

"É feita uma manutenção extremamente rigorosa para detectar qualquer falha antes de causar algum dano. São feitas inspecções diárias, de 72 horas, inspecções semanais, mensais e plurianuais", sendo que quanto mais espaçadas são as inspecções mais "profundas". "Nas inspecções plurianuais, o avião é todo descascado por dentro", assegura o comandante. "O avião é praticamente todo desmontado."

Para José Cruz dos Santos, não é este acidente que vem lançar uma sombra sobre o meio de transporte que continua a considerar o mais seguro do mundo, sublinhando o facto de o piloto ter sido capaz de aterrar o avião normalmente apenas com um motor a funcionar. "Os pilotos treinam regularmente em simuladores, porque estas coisas acontecem quando menos se espera e não há tempo para grandes considerações."

O momento de aproximação à pista é considerado de maior risco, mas ainda assim os especialistas ouvidos pelo DN não consideram que a localização do aeroporto dentro da zona urbana potencie fenómenos deste género. Porque "as cidades crescem", resume Fernando Reis, director do GPIAA. Mesmo que no momento de construção o aeroporto esteja isolado, "rapidamente ficará rodeado de edifícios", completa José Cruz dos Santos, da APPLA.

Além de que "o avião pode cair em cima de uma cidade, mesmo ficando no meio do nada", pois sobrevoa povoações, acrescenta Fernando Reis.

dn portugal

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