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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Piloto da Ryanair responde a O’Leary: e se substituíssemos o patrão?


Na sequência das declarações do início do mês do CEO da Ryanair, em que defendeu a abolição do co-piloto dos seus aviões, o piloto sénior da companhia Morgan Fischer defendeu uma solução semelhante para a liderança da empresa.

“Proponho que a Ryanair substitua o CEO por um membro da equipe de cabine temporário, que ganha aproximadamente 13.200 euros por ano”. Foi com estas palavras, através de uma carta que endereçou ao “Financial Times”, que Morgan Fischer, piloto sénior da companhia irlandesa, respondeu à ideia de O’Leary (na foto) de substituir os co-pilotos por hospedeiras que tenham treino de aterragem de aparelhos.


Para Michael O’Leary “o computador faz a maioria do trabalho hoje em dia”, razão pela qual lhe ocorreu como forma de cortar custos, passar a ter apenas um piloto e dar formação às hospedeiras na aterragem dos aviões, caso ocorra algo com o piloto durante o voo.

A ideia foi desde logo condenada pelos variados quadrantes, dos quais se destaca o dos pilotos. Patrick Smith, piloto veterano, classificou a ideia de “para lá de absurda”, uma vez que a ideia de que os aviões voam sozinhos é errada. “Até em operações de rotina, é importante ter uma segunda pessoa na cabine”, acrescenta Smith.

Para Fischer, piloto com 20 anos de experiência - actualmente treina pilotos para a companhia irlandesa em Marselha –, a substituição de Michael O’Leary por um piloto júnior traduzir-se-ia na “poupança de milhões de euros em salários, benefícios e opções de compra de acções”. O’Leary não deixou o seu piloto sem resposta e fê-lo à sua maneira, concordando, inclusivamente, com alguns argumentos de Fischer.

“O Michael [O’Leary] pensa que a equipa de cabine fariam um CEO bem mais atraente do que ele próprio – o que obviamente não é elevar demasiado a fasquia – pelo que iremos seriamente estudar essa sugestão”, anunciou Stephen McNamara, porta-voz da companhia.
“Afinal, se podemos treinar hospedeiras a aterrar aviões, não deverá haver problema em treiná-los para fazer o trabalho do Michael [O’Leary]”, concluiu McNamara.

Fischer recusou fazer mais comentários.
A sugestão de O’Leary de abolir o co-piloto parece ter tocado num ponto sensível, tendo já vários trabalhadores da Ryanair feito queixas aos media, na sua maioria de mantendo-se no anonimato.

Não é o caso do capitão Evan Cullen, presidente da Associação de Pilotos de Aviação da Irlanda que também enviou uma carta ao “Financial Times”, onde se referiu ao facto de O’Leary ter revelado que, em 25 anos de companhia, apenas um piloto teve um ataque cardíaco durante o voo “e aterrou o avião”. Para Cullen, O’Leary devia estar a referir-se ao episódio ocorrido em 2002, na Bélgica, em que o piloto foi vítima de ataque cardíaco e foi declarado “clinicamente morto” por um médico a bordo, de acordo com um relatório da Unidade de Investigação de Acidentes Aéreos Irlandesa. Segundo o relatório, quem aterrou o avião foi o co-piloto e não o piloto vítima de ataque cardíaco.

“As implicações de segurança são óbvias, assim como é a razão pela qual temos dois pilotos no cockpit”, concluiu Cullen.
Em resposta a Cullen, McNamara adiantou que esse não era o episódio a que O’Leary se referia, não deixando no entanto de frisar que “o facto de o oficial ter aterrado o aparelho sem incidentes prova que ter um piloto na cabine, ou uma hospedeira devidamente treinada, poderiam aterrar o avião em caso de emergência”.

McNamara reafirmou a ideia de que os aviões actualmente são altamente automatizados, e que em 500.000 voos por ano, o co-piloto raramente foi chamado a substituir o piloto. Os peritos discordam: “é verdade que os aviões actualmente são mais seguros que nunca e muitos dos processos são automáticos”, começa por dizer Paul Hayes, directo de segurança aérea da consultora de aviação Ascend.

“Mas em casos de grandes situações de grande carga de trabalho, como em casos de espaço aéreo congestionado ou no caso de uma emergência, eu gostaria que tivéssemos um piloto e um co-piloto a trabalhar juntos, como equipa”, conclui.
jornal de negócios

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