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quinta-feira, 11 de março de 2010
Elegância real até para vender aviões ao Brasil
Casal real da Suécia prepara-se para visitar o país e evento oficial torna-se estratégia para divulgar os atributos do caça Gripen.
Nunca na sua história a Suécia precisou tanto do carisma de sua rainha "brasileira". A simpatia, a elegância e o português fluente da rainha Silvia podem aproximar ainda mais a relação comercial com o Brasil. Nascida na Alemanha, mas criada em São Paulo, a esposa do rei Carl XVI Gustaf é importante reforço na tentativa de convencer o governo brasileiro de que a proposta da empresa sueca Saab para venda e produção conjunta dos caças Gripen é a melhor na licitação de 36 novos aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB). Neste momento em que o contrato bilionário representa o maior interesse comercial da Suécia que o casal real desembarca no Brasil, no próximo dia 22. Oficialmente, as autoridades suecas afirmam que foi apenas coincidência, pois não cabe aos monarcas estar à frente das negociações.
A rainha marcou posição ao reunir no mesmo elogio os dois países, especialmente a indústria aeronáutica. "Nós nos conhecemos bem. A indústria sueca está no Brasil há mais de100 anos. O Brasil sabe da qualidade do que nós oferecemos e a Suécia sabe como a Embraer é excelente. A Suécia tem ampla relação com o Brasil. Seria maravilhosa a cooperação entre nossas companhias (a sueca Saab produz o Gripen), porque a Embraer tambem é excelente. O Brasil conhece a maneira como a Suécia pensa na hora de fazer negócios e nós sabemos o mesmo a respeito do Brasil", afirmou a rainha Silvia em entrevista a um pequeno grupo de jornalistas brasileiros.
O casal recebeu os visitantes em um dos 600 aposentos do palácio real, para uma prévia da visita que fará ao país. Ao ser questionado se havia um motivo especial para a viagem, já que a última visita oficial foi há 25 anos, o rei respondeu que näo. Explicou que seräo tratados diversos assuntos. "Teremos muitos encontros com autoridades do governo e empresários. Vamos tratar de diversos assuntos. Não cabe a mim, como rei, tratar especificamente dessa questão, mas ficarei feliz se ajudar de alguma forma", despistou.
Apesar de oficialmente o governosueco evitar a associação direta entre a visita e a decisão do governo brasileiro sobre os caças, a programação da viagem mostra o interesse no setor. O rei e a rainha visitarão a Embraer, em São José dos Campos (SP), com uma delegação de empresários. Quem andou recentemente na Embraer procurando um avião particular foi outra celebridade sueca: o compositor Björn Ulvaleus, um dos que integraram o quarteto pop Abba, nos anos 1970 e 1980.
A licitação dos caças tornou-se uma acirrada disputa entre suecos, franceses e norte-americanos, com direito a diferenças expostas no governo brasileiro. Em seu relatório técnico, a FAB indicou preferência pelo Gripen. Àquela altura, porém, o presidente Lula já tinha afirmado publicamente sua opção pelo concorrente francês, o Rafale, em declaração conjunta firmada durante a visita a Brasília do colega Nicolas Sarkozy, em setembro passado. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, vem tentando contornar a situação, afirmando que a posição da Aeronáutica não seria conclusiva. Não existe prazo fixado para o anúncio do vencedor.
"É difícil quando se tem três boas opções. Esperamos que o Brasil faça a escolha certa. Se formos os escolhidos, entre três grandes competidores, ficaremos orgulhosos", ponderou o rei. O casal chega ao Brasil depois de aceitar convite do presidente Lula, que os visitou em outubro passado, na cúpula anual entre Brasil e União Europeia (UE).
Diário de Pernambuco
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