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segunda-feira, 15 de março de 2010

Na rota dos óvnis



Para faturar com o turismo, cidade paulista lança primeiro roteiro brasileiro para ver discos voadores

A cada dez avistamentos de óvnis no País, três ocorrem em Peruíbe, cidade litorânea situada a 148 quilômetros de São Paulo. É o que diz um levantamento do Centro Brasileiro de Pesquisa de Discos Voadores (CBPDV), órgão que reúne os principais ufólogos brasileiros e coleta relatos de visualização dos supostos objetos não identificados. O cenário de Peruíbe, emoldurado pelo céu aberto sobre o amplo litoral e cercado por mirantes na mata da Jureia – um dos patrimônios naturais reconhecidos pela Unesco –, facilitaria a visualização dos fenômenos luminosos à noite. Talvez por isso seja raro encontrar um morador da cidade sem pelo menos uma história para contar de luzes coloridas ou bolas alaranjadas no céu estrelado.


MAPA ET
Traçados da trajetória das supostas navesImagem
Para tornar o município nacionalmente reconhecido como um destino de óvnis e, claro, faturar com isso, a Prefeitura de Peruíbe acaba de lançar o primeiro roteiro oficial de ufoturismo brasileiro, com visitação aos sete pontos de avistamento, vigília com telescópio e trilhas noturnas. Esse tipo de roteiro existe em outros lugares do mundo (leia quadro) onde a caça aos ETs ingressou nos pacotes das agências de turismo focadas em experiências sobrenaturais. “Queremos atender a uma demanda da população que há anos relata o avistamento de óvnis e impulsionar o turismo na região”, afirma João Fioribelli, diretor do Departamento de Turismo de Peruíbe. “Nosso objetivo é transformar a cidade em referência de turismo ufológico na América Latina”, diz Eduardo Ribas, dono da agência Na trilha da Jureia, que oferece o roteiro. A prefeitura organiza o 6º Encontro Ufológico de Peruíbe, previsto para ocorrer entre os dias 9 e 11 de abril. Outras administrações municipais prometem seguir o mesmo caminho.

“Vi um discoide descer entre as árvores. Foi um clarão incrível”, Marco Antônio Carrara, artista plástico.

A próxima deve ser Ipuaçu, em Santa Catarina, conhecida como a capital nacional dos agroglifos – marcas de forma definida que seriam deixadas por naves espaciais em plantações agrícolas. A prefeitura realiza no dia 27 de março o 1o Encontro Nacional de Ufologia de Ipuaçu, com a presença do Brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, que apoia a abertura dos arquivos secretos dos militares sobre as investigações dos óvnis no espaço aéreo brasileiro. O reconhecimento oficial do roteiro em Peruíbe é de grande expectativa para os ufólogos, pois assim acreditam que terão mais recursos para pesquisas e apoio para verificar as manifestações no céu. “Recebemos mais de 300 relatos de ocorrências de natureza ufo, alguns, com fotos e filmagens”, afirma o ufólogo e biólogo Paulo Aníbal, que pesquisa a região há mais de dez anos. As histórias contadas pelos moradores coincidem não apenas nos detalhes, mas também nas datas das ocorrências.

“Nosso objetivo é transformar a cidade em referência na América Latina”, Eduardo Ribas, dono de uma agência de turismo.

No dia 18 de agosto de 2008, por exemplo, teria ocorrido o maior avistamento em massa na cidade. Uma luz intensa e alaranjada foi vista por todos que olhavam para o céu e o fenômeno teria gerado uma pane elétrica em alguns bairros. “Liguei para amigos que moram do outro lado da cidade para ter certeza de que não estava louco”, afirma o pescador Agnaldo Leão, 51 anos. Há quem jure ter presenciado a suposta nave no jardim de casa. “Vi um discoide descer entre as árvores”, conta o artista plástico Marco Antônio Carrara, 52 anos. “Foi um clarão incrível e um zumbido semelhante a um enxame de abelhas”, diz. Não há explicação científica para os testemunhos. “Pode haver exageros e influências pela crença popular”, acredita Osmar Pinto Júnior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Mesmo entre os estudiosos dos óvnis há divergências quanto aos motivos do fenômeno em Peruíbe. “Os ETs buscam aqui a diversidade ecológica e riquezas minerais da Jureia”, diz Paulo Aníbal. Para o ufólogo Ademar Gevaerd, do CBPDV, a grande quantidade de testemunhos se explica pela cultura local, que estimula os relatos – reais ou imaginários. “Quanto mais gente vê, mais pessoas dizem ter visto”, diz. Está aí uma boa explicação.

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Fonte: REVISTA ISTO É, via NOTIMP

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